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Dez anos de Observador em 80 fotografias, numa exposição que é “a consciência contemporânea do tempo que vivemos” – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 7, 2024

Foi, portanto, difícil proceder a uma seleção, “mas ao mesmo tempo gratificante, porque passamos em revista uma década”. “A fotografia é uma primeira consciência contemporânea do tempo que vivemos. É um princípio de um contar de história, é o que te fixa o acontecimento ou o protagonista. É fundamental que exista este trabalho de fixação dos acontecimentos que são mais relevantes para uma sociedade e do desempenho dos seus protagonistas, porque é um princípio de fixação da nossa história contemporânea. E essa é a parte mais importante, porque nós precisamos ter memória”, afirma.

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Uma consideração destas sobre a importância da fotografia enquanto medium foi, de certa maneira, o que levou João Porfírio a recomendar Patrícia Reis à direção do Observador para montar esta exposição. “Não é uma curadora de arte, não é uma curadora de exposições artísticas, é uma curadora que tem a vertente jornalística, que percebe a diferença entre uma fotografia que tem importância jornalística e outra que nem tanto. Portanto, achámos que a escolha era a ideal porque é uma pessoa, lá está, que tem experiência a montar exposições, e também tem este cunho jornalístico”, explica o editor de fotografia do Observador.

Seguindo esse princípio, Patrícia Reis teve de encarar dois desafios ao preparar esta mostra. Um foi “mostrar a forma como o Observador olha e se interessa pelo mundo e se interessa pelos protagonistas da nossa história contemporânea, os acontecimentos de hoje”. O outro, de mãos dadas com o primeiro, é fazê-lo sem cair na tendência de escolher as fotografias mais dramáticas. “O jornalismo é mais sobre ‘o homem que mordeu o cão do que o cão que mordeu o homem’, e nós temos uma tendência muito grande para a desgraça e para as coisas que fogem à vida normal. Portanto, esse equilíbrio era difícil de fazer — mas claro que escolher é excluir e tinha de se fazer uma escolha”, afirma, destacando ainda o trabalho de Pedro Leitão, por todo o trabalho de design que fez para esta mostra.

Ao entrar pela galeria da Sociedade de Belas Artes, esse equilíbrio fica bem patente logo na primeira sala, onde se encontra uma cronologia de alguns dos mais importantes acontecimentos dos últimos 10 anos. Nela encontramos imagens da conquista do Europeu de 2016, da realização da Eurovisão em Portugal em 2018 e das comemorações dos 50 anos do 25 de abril deste ano, tal como dos traumáticos incêndios de Pedrógão Grande em 2017, das sufocantes medidas de segurança durante a pandemia da Covid-19, em 2020, ou de uma criança a despedir-se do pai na Guerra da Ucrânia, em 2022. Tragédia e rejubilo, dor e alegria, lado a lado.





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