O júri é um dos elementos mais notados pelos cantores que participaram na primeira edição. Desta vez, é presidido por Sergei Leiferkus e composto por Aleksandar Nikolić, diretor de ópera do Teatro Nacional da Sérvia, a soprano russa Anna Samuil, a mezzo-soprano Catarina Sereno, e Ivan van Kalmthout, ex-diretor artístico do São Carlos.
“É uma grande oportunidade que os cantores têm”, diz Alexandra Maurício. “Há sempre alguém que depois se lembra que ouviu alguém cantar e que pode ser interessante chamá-lo para um determinado papel.” A diretora do Cascais Ópera sublinha a importância do concurso além da competição. “Um concurso tem também esta grande virtude de permitir aos cantores apresentarem-se, melhorarem, serem premiados, terem contratos e receberem o feedback”, nota. Cada vez que um candidato não passa à fase seguinte tem imediatamente o retorno dado pelo júri. “Explicam-lhes porque é que não passaram, o que é que podem melhorar. Foi muito bom, mas ainda podia ter sido melhor se fosse desta forma. Portanto, o feedback que é dado aos concorrentes, aos candidatos, é muito valorizado por eles e é uma forma de aprendizagem e de ensinamento.”
Quando saem da competição, os concorrentes podem frequentar masterclasses com membros que integraram o júri. “São componentes de formação e de aprendizagem muito importantes”, refere Maurício, que destaca a componente de educação e de formação do evento. Aliás, a diretora do Cascais Ópera adianta que está a ser trabalhada uma parceria com o Serviço Educativo da Fundação Dom Luís I para que junto das escolas do concelho de Cascais, seja possível “levar turmas ou grupos de alunos a assistir às provas”, para assim provar que a ópera “é muito mais acessível e muito mais fácil do que se possa pensar”. “É um lugar de imensa emoção se tivermos uma pequenina preparação para aquilo que vamos assistir. A ópera é muito empática. Fala de muitas vivências do dia-a-dia, de dramas, e de traições, e de amores, e de paixões incrivelmente assolapadas.”
Para Alexandra Maurício, “formar novos públicos não se faz a pedir a um miúdo de seis anos para ouvir uma Ópera de Wagner do princípio ao fim, em que há uma grande complexidade harmónica e de conteúdo”. “Mas se calhar se for preparada em sala de aula e se for ouvir uns trechos de uma ópera num concurso, se calhar estamos a despertar aqui futuros músicos, futuros ouvintes ou futuros cantores”, acredita.
O Cascais Ópera é financiado pelo Turismo de Cascais, a Égide — a Associação Portuguesa das Artes, a Fundação Millenium BCP, a Fundação La Caixa, e o banco BPI. Tem como parceiro institucional o Teatro Nacional de São Carlos – Opart, onde decorreu a final este ano. Com o encerramento do teatro para obras, a final da segunda edição do concurso, a 4 para maio de 2025, acontece na Fundação Calouste Gulbenkian.
O Observador viajou até Paris a convite do Cascais Ópera.