Os nomes ainda não foram todos confirmados por Donald Trump, mas foram avançados como certos por várias fontes com conhecimento da decisão à imprensa norte-americana: o senador Marco Rubio vai ser secretário de Estado e a governadora Kristi Noem vai ocupar a pasta da secretária Interna. A eles junta-se Michael Waltz como conselheiro de Segurança Nacional, o único dos três nomes que já foi anunciado de forma oficial pelo Presidente eleito, depois de também ter sido avançado por fontes da imprensa. Rubio, Noem e Waltz vão, assim ocupar três dos lugares de maior destaque da administração.
Rubio já era um dos nomes mais populares para secretário de Estado, o cargo que garante mais atenção internacional, principalmente tendo em conta os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente, que contam com a intervenção dos Estados Unidos. Rubio, norte-americano de origem cubana, é senador desde 2019, representando o seu estado natal da Florida, onde se destacou pela sua presença no comité de Negócios Estrangeiros. É um dos apoiantes mais vocais da máxima “A América Primeiro”, tendo assumido ao longo dos anos por posições muito duras contra a China, mas também contra o Irão, Venezuela e Cuba, recorda o New York Times.
Leais, alinhados com o trumpismo e as incógnitas Robert F. Kennedy e (sobretudo) Musk. Quem serão os rostos da nova administração Trump?
A sua relação com Donald Trump começou tremida, com críticas veladas trocadas entre os dois, em 2016, mas melhorou, até Rubio se tornar um dos seus maiores apoiantes. Em 2020, colaborou na preparação do debate contra Joe Biden. Parece ainda ter alguma desconexão com o Presidente eleito, relativa à guerra na Ucrânia, pela qual responsabilizou Vladimir Putin, mas ainda assim afirmou que a prioridade “é a conclusão” do conflito. A sua posição sobre a ofensiva israelita é bem mais clara, tendo expressado lealdade total a Israel e responsabilizando “o Hamas a 100%” pelos milhares de civis mortos em ataques israelitas.
O segundo nome da lista também representa a Florida no Congresso, no comité de Negócios Estrangeiros. Mas o currículo de Michael Waltz destaca-se pelos longos anos que passou nas Forças Armadas, com missões no Afeganistão, Médio Oriente e em África, que Trump exaltou em comunicado. As suas posições vão ao encontro dos restantes nomes confirmados por Trump: é contra a China, Irão e Rússia, apoia a Ucrânia — mas com limites, tendo afirmado que a Casa Branca não deve “cheques em branco” a Kiev — e Israel — apelou a Joe Biden que deixe “Israel acabar o trabalho” em Gaza e no Líbano, destaca o Haaretz. “Será um tremendo campeão na busca da paz pela força”, elogiou Donald Trump.
Ideólogos leais, o “oligarca” Musk e a política externa. Como a bolha de Washington se prepara para lidar com a nova administração Trump
A sua mulher fez parte da primeira administração Trump, pelo que a vida política de Waltz sempre foi pontuada pela proximidade e apoio ao Presidente eleito. O seu nome chegou a ser apontado para secretário da Defesa, mas é como conselheiro de Segurança Nacional que vai fazer a sua estreia no executivo. A escolha de Waltz para este cargo não será ingénua, tendo em conta a história atormentada da primeira administração Trump: houve quatro conselheiros, três deles acabaram despedidos, recorda a BBC.
Não era um dos nomes mais falados, mas com a escolha do popular Tom Homan para “czar das fronteiras”, a pasta da Segurança Interna ficará entregue à governadora da Dakota do Sul, Kristi Noem. Tem um longo historial de lealdade a Donald Trump, quer como governadora, com políticas pró-armas e anti-restrições à Covid-19, quer como congressista, onde defendeu projetos de lei a favor de fronteiras fechadas e punição das “cidades santuário”, para imigrantes sem documentos, no sul do país, elenca a CNN.
Trump anuncia Tom Homan como novo líder de fronteiras e imigração
Como secretária de Segurança Interna, Noem será responsável pelas agências de controlo de fronteiras e imigração, mas também pelos ramos dos serviços secretos. É uma das maiores pastas, com mais funcionários e o maior orçamento. A CNN destaca ainda o facto de Noem estar banida de entrar em terras indígenas na Dakota do Sul, depois de ter acusado as comunidades indígenas de beneficiarem das operações de cartéis de drogas. A relevância desse tópico? O Departamento de Segurança Interna, que vai liderar, ocupa-se igualmente dos assuntos relativos às terras que pertencem aos indígenas norte-americanos.
O alinhamento da política externa da segunda administração Trump desenha-se claramente nos três nomes pesados de Rubio, Waltz, Noem, principalmente no que toca à lealdade a Israel. Esta posição confirma-se na escolha do embaixador, que será Mike Huckabee, o governador do Arkansas, anunciou Donald Trump esta terça-feira, citado pela AP. “Ele adora Israel e o povo de Israel e o povo de Israel adora-o. O Mike vai trabalhar sem parar para trazer paz ao Médio Oriente”, considerou o Presidente eleito, que destacou ainda a liderança espiritual de Huckabee, que é pastor evangélico.