Acompanhe aqui o nosso liveblog sobre a guerra da Ucrânia
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou esta sexta-feira o telefonema do chanceler alemão, Olaf Scholz, a Vladimir Putin, por considerar que abriu “a caixa de Pandora” e terá como único efeito diminuir o isolamento do líder russo.
“O chanceler Scholz disse-me que tinha a intenção de ligar para Putin. A sua chamada, na minha opinião, abre a caixa de Pandora. Agora pode haver outras conversas e chamadas telefónicas. São meras palavras“, disse no seu tradicional discurso noturno à população.
“E isto é exatamente o que Putin procura há muito tempo. É fundamental para ele mitigar o seu isolamento, assim como o isolamento da Rússia, e manter meras conversas que não levarão a lugar nenhum. Há décadas que faz isso”, enfatizou Zelensky.
O Presidente ucraniano afirmou que isso permitiu à Rússia evitar qualquer mudança nas suas políticas, “o que, em última análise, levou a esta guerra”.
Em comunicado, o porta-voz da diplomacia ucraniana, Georgy Tykhy, denunciou também que “as conversas com o ditador russo, por si só, não acrescentam qualquer valor para alcançar uma paz justa”, apelando antes a “ações concretas e fortes que o obriguem a fazer a paz, e não à persuasão e às tentativas de apaziguamento”.
Durante a chamada telefónica, o Presidente russo disse ao chanceler alemão que a proposta de paz para a Ucrânia deverá ter em conta “novas realidades territoriais”, exigindo que Kiev abdique das regiões ocupadas por Moscovo.
A proposta de paz de junho passado inclui a retirada das tropas ucranianas do Donbass e do sul do país, e ainda a renúncia de Kiev à adesão à NATO.
Rússia interrompe fornecimento de gás à Áustria
“Os potenciais acordos devem ter em conta os interesses de segurança da Federação Russa, basear-se em novas realidades territoriais e, acima de tudo, abordar as causas profundas do conflito”, refere um comunicado do Kremlin que resume as observações de Vladimir Putin na conversa com Olaf Scholz.
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, congratulou-se esta sexta-feira com o facto de Olaf Scholz ter transmitido a Putin que nada poderia ser decidido sobre a Ucrânia sem a participação de Kiev.
“Recebi um telefonema do chanceler Scholz que me relatou a sua conversa com Vladimir Putin. Fiquei satisfeito por saber que o chanceler não só condenou inequivocamente a agressão russa, como também reiterou a posição polaca: nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia”, escreveu Donald Tusk na rede social X (antigo Twitter).
Naquela que foi a primeira conversa telefónica entre os dois líderes em quase dois anos, Scholz instou Putin a retirar as tropas da Ucrânia e a negociar com Kiev, indicou esta sexta-feira o Governo alemão num comunicado.
O chanceler apelou a Putin para demonstrar “vontade de encetar negociações com a Ucrânia, com vista a uma paz justa e duradoura” e sublinhou “o compromisso inabalável da União Europeia (UE) com a Ucrânia”, acrescentou a chancelaria.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, a Alemanha tem sido o segundo maior fornecedor de armas a Kiev, a seguir aos Estados Unidos.
A conversa telefónica ocorre num momento muito difícil para a Ucrânia, que se prepara para viver o seu terceiro inverno sob fogo da Rússia, com grande parte das suas infraestruturas energéticas danificadas ou totalmente destruídas.
Com a vitória do ex-presidente e candidato republicano Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas, coloca-se a questão da continuidade da ajuda dos Estados Unidos, que tem permitido à Ucrânia resistir às tropas russas desde fevereiro de 2022.