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como a armada nacional “fantasma” se safa em Manchester – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 16, 2024


Do estádio do Manchester United, Old Trafford, até ao Gigg Lane, estádio do Bury, vão 23 quilómetros e uma viagem de 25 minutos de carro. E vão também muitos sonhos, da primeira para a nona divisão do futebol inglês. Em tempos, essa distância – pelo menos a dos sonhos – não era tão grande para os The Shakers: o Bury foi um dos primeiros históricos do jogo em Inglaterra. Foi fundado em 1885 e até à Segunda Guerra Mundial foi intercalando entre a primeira e a segunda divisão inglesas, tendo até levantado por duas vezes o caneco da FA Cup – a Taça de Inglaterra –, em 1899/1900 e em 1902/1903. Em 2020 estava prestes a voltar à terceira divisão, até que faliu. A partir daí e até ao ano passado, as grandes lutas foram travadas fora dos relvados, com falências e fusões até à recuperação do clube original. É um renascimento de um histórico, na 9.ª Divisão… mas é um histórico. E foi isso que pesou na vontade Bebeto Gomes, de 26 anos, em seguir para Bury: “Eles já tinham tentado trazer-me para cá duas vezes, mas eu recusei sempre. À terceira tive de vir, até pelos adeptos. São sempre três ou quatro mil na bancada, é a parte melhor”, diz.

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Quem é Bebeto Gomes?


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Nome: Bebeto Gomes
Idade: 26 anos
Clube: Bury (9.ª Divisão inglesa)
Jogos esta época: 18
Golos esta época: 5
Assistências esta época: 10
Maior sonho: viver do futebol
Clube favorito: Manchester United e FC Porto

Sim, leu bem: três ou quatro mil adeptos num jogo da nona divisão de futebol. E até podiam ser mais, já que o estádio, o Gigg Lane, tem capacidade para 12 mil pessoas (!). Com números desses, a expetativa para assistirmos ao jogo de Bebeto Gomes numa fria – mesmo muito fria – noite de terça-feira aumentou exponencialmente. No cartaz estava o Bury-Charnock Richard, que colocava frente a frente o segundo e o 16º. classificados da North West Counties Football League. No fundo, a Liga dos Condados do Noroeste.

Percebemos logo que o espetáculo ia ser bom: muito movimento, muitos cânticos e… Bebeto Gomes na capa do programa de jogo. Sim, na nona divisão inglesa há o mítico programa de jogo, um livrinho impresso com informações sobre a partida. E wifi na bancada de imprensa. E roulottes para os adeptos comerem. Houve de tudo, exceto golos para o Bury na primeira parte. O Charnock foi para o intervalo a vencer e o Bury só empataria perto do fim, com a reviravolta a passar perto nos instantes finais. Bebeto Gomes não marcou nem assistiu mas a época tem corrido bem. Aliás, os adeptos que o digam: “Entre Diogo Dalot e Bebeto Gomes? Sem dúvida o Bebeto, até porque joga numa equipa vencedora. Eu até acho que o Amorim vai vê-lo e leva-o antes da época acabar”, diz-nos um adepto do Bury, de sorriso na cara.

Bebeto Gomes, em ação pelo Bury

Mas Bebeto tem mesmo motivos para sorrir: à 20.ª jornada, com o Bury em segundo lugar, tem cinco golos marcados e dez assistências. E logo numa época em que mudou de posição, de extremo para lateral direito. “Estou a gostar, até está a ser tranquilo, sinceramente. Porque como a equipa joga para o meu lado, tenho liberdade ofensiva para subir, subir, subir e criar. Basicamente continuo a extremo direito. Eu defendo uns dez minutos por jogo, nos outros oitenta é sempre a atacar. Mas eu sei que vai haver jogos que vou ter de defender mais do que ataco. Estou pronto para o challenge [desafio]”, explica o jogador português, num discurso de grande ambição. E essa, durante a entrevista, esteve sempre presente. “Eu sou um jogador que dá sempre 110% de si em cada jogo. No que eu puder ajudar, eu vou ajudar. Vou jogar na posição que for preciso. E vou fazer acontecer, não tem como. E no final do dia vai ter de dar certo. E vai dar certo”, diz Bebeto, que já tem objetivos para o futuro: “Se eu melhorar os meus pontos fracos, que são mais defensivos, posso subir para divisões bem mais altas do que esta”.

E se não subir? Será que a falta de condições pode condenar Bebeto à desistência, como tantos portugueses por cá, nos distritais e semi profissionais? Nem por isso. Porque ser jogador do Bury, na 9.ª Divisão inglesa, não deixa ninguém rico… mas também não faz passar fome. “Depende do jogador. Eu estou cá já há uns quatro anos e o começo foi fraco, era só uma buchinha, um extra. Quatro anos depois, já posso dizer que, se quiser, posso não trabalhar e jogar só futebol. Só que eu tenho objetivos, tenho coisas para fazer, tenho coisas para pagar. É por isso que tenho um part time. Mas é possível. Se tu quiseres, só jogas futebol”, explica o futebolista português, que passou pelo Estoril Praia na formação.

Bebeto foi para Portugal aos sete anos, precisamente para a vila de Cascais, mas nasceu na Guiné-Bissau. E foi lá que viu pela primeira vez um jogo de futebol. Foi esse jogo que lhe mudou a vida. “Há cinco anos, tinha eu 20, decidi vim para Inglaterra. Eu podia ter ido para Londres, lá tenho família. Mas escolhi Manchester, por causa do Manchester United. Foi o primeiro clube que eu vi jogar, ainda estava eu na Guiné. Via-os na televisão antes de ver os portugueses”, lembra Bebeto, que, entre os clubes portugueses, torce pelo FC Porto. Mas nenhum ocupa o coração como o Manchester United, o que lhe tem dado alguns dissabores nos últimos anos.





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