“Mas essa é apenas uma das nossas empresas”, explicou Thomas Plantenga. Ainda não estão disponíveis por cá, mas a Vinted já desenvolveu outros serviços além da plataforma de venda de roupa em segunda mão. “Neste momento estamos a investir numa empresa de envios (shipping) e numa empresa de pagamentos”, revela. “Nos Países Baixos, na Bélgica e em França já trabalhamos completamente com a nossa empresa de envios. Temos cacifos, armazéns, tudo. O que estamos a tentar é criar uma empresa baseada em cacifos”, onde as pessoas possam ir buscar os artigos que encomendaram. “Queremos que a nossa pegada de CO2 seja o mais baixa possível e que os preços dos nossos portes sejam os mais baixos possíveis. E assim as pessoas poderão negociar mais artigos de baixo valor. Se o preço do envio baixar, a probabilidade de vender um artigo barato aumenta”.
Além da empresa de envios, a Vinted está a apostar também no desenvolvimento do seu próprio serviço de pagamentos. Atualmente, é necessário usar uma solução externa para processar um pagamento na plataforma. Sobre se alguma dessas opções chegará a Portugal, Thomas Plantenga diz apenas “talvez”.
A Vinted não divulga resultados por país, nem tão pouco dados sobre utilizadores. Sabe-se que em 2023 deu lucros de 17,8 milhões de euros, que comparam com prejuízos de 20,4 milhões de euros no ano anterior. Mas o CEO não adianta mais detalhes sobre, por exemplo, quais os mercados mais valiosos para a plataforma – diz apenas que França e Reino Unido são muito grandes – ou quanto vale Portugal no ‘closet’ da Vinted. Mas garante que conhece bem o mercado português.
“É um mercado ótimo. E, recentemente, demo-vos uma ajuda. Estamos a subsidiar-vos”, atira, referindo-se ao facto de a Vinted não estar, desde meados de setembro, a cobrar portes de envio para compras em Portugal. Quem compra na plataforma, além do custo do produto, paga uma taxa de proteção do comprador, absorvida pela Vinted e que consiste num valor fixo de 0,70€ que é acrescido de 5% do preço do artigo, e ainda os portes de envio, que dependem do tamanho da encomenda e do destino. “Estamos a ajudar-vos” com os portes grátis, insiste. E porquê? “Estamos sempre a testar”, responde. “Estamos sempre a tentar descobrir como é que podemos dar a melhor experiência possível aos utilizadores. E de vez em quando subsidiamos os envios, verificamos o crescimento das vendas e vemos o que fazer com isso”.
A maior fatia das receitas da Vinted provém, justamente, da comissão cobrada por cada transação. Só que esta é também a parcela que tem uma margem bruta menor, porque é o que financia os custos com os pagamentos, os envios e a proteção ao comprador, explica o CEO. Outra parte das receitas vem da funcionalidade de promoção do closet, ou seja, das peças de roupa que o utilizador tem à venda. Aqui, mediante pagamento, os utilizadores podem ver as suas peças surgirem mais vezes ou com mais destaque nos feeds de quem procura comprar, para serem vendidas mais depressa. “Aqui temos uma boa margem de lucro”. A Vinted tem ainda receitas com publicidade.