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O festival Walk&Talk vira bienal para mostrar a “abundância” dos Açores – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 17, 2024

Sobre a programação propriamente dita, pouco se levantou o véu esta sexta-feira, no pontapé de saída da bienal Walk&Talk, cuja curadoria nesta primeira edição é assinada pelas curadoras Claire Shea (Toronto), Fatima Bintou Rassoul Sy (Dalar) e Liliana Coutinho (Lisboa), que há vários meses que desbravam caminho em São Miguel, procurando conhecer o tecido artístico.

Entre os primeiros nomes a apresentar comissões inéditas para 2025 contam-se artistas como Alice Visentin, ANDLab, Candice Lin, Colectiva MALVA, Ebun Sodipo, Helle Siljeholm, Gala Porras-Kim, Janilda Bartolomeu, Joana Sá, Lucy Bleach, Mae-Ling Lokko, Maria Emanuel Albergaria, Meg Stuart & Forum Dança, Nadia Belerique, Resolve Collective, Uhura Bqueer & Soya the Cow. Alguns deles “já estavam a tentar trabalhar nos Açores”, nota Jesse James. Destacam-se ainda as coproduções com companhias como Hotel Europa e Os Possessos, verdadeiros acontecimentos numa ilha (e num arquipélago) em que não existe uma estrutura profissional de teatro.

Outros artistas serão confirmados nos próximos meses, até porque até ao final de novembro serão lançadas open calls para duas bolsas, revelou a organização esta sexta-feira. Trata-se de uma bolsa de criação e residência artística e outra de programação — esta última apenas para agentes sediados na ilha de São Miguel, uma particulariedade permitirá “alicerçar a relação com o território”, frisa a organização.

A primeira Bienal Walk&Talk terá a duração de dois meses e a programação estender-se-á por vários espaços da cidade de Ponta Delgada e da ilha de São Miguel, nomeadamente a Universidade dos Açores, onde decorreu a apresentação à imprensa, ou o Arquipélago — Centro de Arte Contemporânea, mas também outros museus, galerias, espaços independentes e públicos da ilha.

O festival Walk&Talk, organizado pela associação cultural Anda&Fala, teve a primeira edição em 2011, na cidade de Ponta Delgada. A partir daí, o certame aconteceu anualmente em julho, consolidando-se como festival multidisciplinar com espaço para a experimentação, mas com um crescimento limitado, já que apenas conseguiam obter financiamento do Governo Regional e da Câmara, estando impedidos de concorrer às verbas da DGArtes por uma lei que ditava que associações culturais sediadas nos Açores e na Madeira não se podiam candidatar a apoios nacionais.

Foi em 2017 que a associação Anda&Fala conseguiu assegurar uma reunião com Miguel Honrado, então secretário de estado da Cultura, “no sentido de mudar a lei”, recorda Jesse James. Alegaram que era discriminatório (porque o inverso podia acontecer, isto é, uma estrutura com sede no continente podia concorrer a apoios da direção regional da cultura nos Açores e na Madeira) e o documento foi corrigido no sentido de permitir que as estruturas madeirenses e açorianas pudessem concorrer à DGArtes. “Esse protocolo foi assinado no Walk&Talk”, gaba-se Jesse James. No ano seguinte, em 2018, já se candidataram aos apoios da DGARtes. “Para nós mudou o paradigma totalmente. A partir daí passámos a ter um financiamento sustentado”.

O processo de profissionalização da associação consolidou-se. “A DGartes deu-nos isso. Depois foi crescendo”. Até à última edição, em 2022, e respetiva pausa que chega agora ao fim. Pelo meio, em 2020, a associação cultural fundou a vaga, um espaço que que além de casa da associação se tem pautado por oferecer uma programação cultural de relevo na cena artística açoriana.

O Observador viajou até São Miguel, Açores, a convite do Walk&Talk.





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