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O Terno despede-se de nós numa cartada de mestre e mesmo que acabe, não vai terminar – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 19, 2024

Aquilo que viria a popularizar O Terno, porém, seria mesmo a sua faceta mais cançoneteira, e essa era verdadeiramente o que o público mais queria ver, quer na pseudo-valsa delicada de O Bilhete, na beleza esperançosa de Eu Vou, no perfume oriental de Volta e Meia ou na toada ligeira e brincalhona de Culpa. Volta, exemplo sublime de uma balada, levou o público a sacar dos telemóveis e a agarrar as caras-metade que estivessem à mão. No entanto, um concerto tão longo assim precisava de momentos de rasgo e diferenciação, que aconteceram com Bielzinho — tema que os Fleetwood Mac de Rumors teriam escrito se fossem de São Paulo e soubessem sambar — ou Morto — do longínquo primeiro álbum, blues cambaleante de faca e alguidar que mostra que alguém na banda ouviu Nick Cave na adolescência.

Na reta final do espetáculo, feitos os agradecimentos, Tim Bernardes disse que iam terminar com duas músicas muito simbólicas para a banda e também “para todo o mundo”, já que tratam de “coisas universais”. Em Passado/Futuro, O Terno optou por dotá-la de um ritmo samba a contrastar/adensar o binómio que a encerra, entre “Nunca mais o meu passado /Para sempre o meu futuro”. Já E No Final surgiu sem quaisquer artifícios para pontuar o fim de ciclo a que a banda chegou, com Bernardes ao piano.

Todavia, apesar de toda a conversa de finitude e finalidade, o trio ainda respeita os rituais clássicos do rock, um deles o encore. Apesar de toda a banda aproximar-se boca de cena para dizer adeus, voltaram para mais duas: Melhor Do Que Parece — cujo refrão, cantado acapella pelo público já a música tinha terminado, demonstra a comunhão vigente nesta noite — e 66 — homenagem/lamento enérgico da banda quanto à dificuldade de tentar ser original quando tanto já foi feito, contando com Tim Bernardes apenas de microfone no fosso a cantar com o público.

Aí sim, O Terno despediu-se de nós. Recorrendo à letra de uma das mais belas canções que apresentaram, Pra Sempre Será: “Mas quando é pra sempre, pra sempre será / Mesmo que acabe, não vai terminar”. Até um dia.





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