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BCE alerta para risco de quedas “súbitas” nos mercados de capitais e nova crise da dívida soberana – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 20, 2024

Os mercados de capitais, “sobretudo os mercados de ações”, estão em maior risco de descidas “súbitas” dadas as “elevadas avaliações” (cotações versus valor real teórico) que as recentes subidas das bolsas geraram. O aviso é do BCE num relatório semestral sobre estabilidade financeira que, na edição publicada nesta quarta-feira, alerta que uma das fontes de preocupação está na dívida soberana e no risco de que a “derrapagem orçamental” que se verifica em alguns países possa “fazer reacender os receios no mercados em torno da sustentabilidade da dívida“.

O Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central Europeu (BCE) assume um tom especialmente pessimista, mesmo tendo em conta que este é um trabalho cujo intuito é, precisamente, identificar riscos que podem abalar o sistema financeiro e a economia da zona euro. O BCE assinala que, na sua análise, “o crescimento económico continua frágil“, numa altura em que “as preocupações sobre as perspetivas do comércio internacional exacerbam a incerteza geopolítica e política”.

“As perspetivas para a estabilidade financeira são agravadas pelo aumento da incerteza macro-financeira e geopolítica, juntamente com a crescente incerteza em torno da política comercial”, afirmou o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, no que será uma referência à eleição de Donald Trump para um novo mandato como Presidente dos EUA, com promessas de aumentos significativos das taxas alfandegárias.

Na análise do BCE, “os riscos para o crescimento económico da área do euro passaram a ser descendentes“, ou seja, tornou-se mais provável que o crescimento surpreenda pela negativa do que pela positiva. Se esses riscos negativos na economia se materializarem, será maior o risco de os “elevados níveis de dívida” e os “altos níveis de défice orçamental” em “alguns” países levarem a instabilidade nos mercados financeiros.

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A “derrapagem orçamental” nesses países poderá “fazer reacender os receios no mercados em torno da sustentabilidade da dívida”, como aconteceu a partir de 2010 com a chamada “crise das dívidas soberanas”.

Até ao momento, os mercados financeiros têm-se mostrado “resilientes”, embora já tenha havido “vários picos de volatilidade, de curta duração, nos últimos meses”. Mas o BCE mostra ter receio de que futuros picos de volatilidade possam ser mais duradouros e penalizadores. “As vulnerabilidades subjacentes tornam os mercados bolsistas e de dívida empresarial propensos a uma maior volatilidade“, afirma o BCE, acrescentando que “as avaliações elevadas e a concentração de riscos, especialmente nos mercados acionistas, aumentam as probabilidades de ajustamentos bruscos“.

O BCE recomenda que, “para preservar e reforçar a resiliência do sistema financeiro”, é “aconselhável que as autoridades macroprudenciais [como o Banco de Portugal] mantenham os atuais requisitos de reservas de capital” exigidos aos bancos. Além disso, as autoridades devem garantir que os bancos só concedem crédito a clientes seguindo “padrões de crédito sólidos”.





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