No campo, 910 golos falam por si. Fora dele, se dúvidas ainda existissem, esta semana funcionou como um exemplo paradigmático de como Cristiano Ronaldo sabe sempre para onde vai, como vai e porque vai. Desde que lançou o seu canal do Youtube que o avançado não escondeu a vontade de chegar onde se encontra nas redes sociais e ser o maior do mundo. No entanto, está longe. E quem decidiu então convidar para falar sobre isso? O número 1 desse mundo, conhecido como Mr. Beast, para fazer a tal conversa que garantia “ir partir a internet”. Para atingir o topo, nada como estar com o dono do lugar e falar sobre o seu percurso…
A improvável dupla falou um pouco de tudo. O capitão da Seleção foi partilhando alguns episódios mais ligados ao futebol, admitiu que ainda gostaria de jogar com o filho mas que isso dependerá também da forma como as pernas forem reagindo ao passar dos anos e explicou que na Arábia Saudita o principal dérbi agora é entre Al Nassr e Al Hilal, Mr. Beast falou de alguns segredos para o impacto que conseguiu ter no Youtube e contou momentos mais caricatos e vídeos onde teve mais visualizações (o principal deles, numa espécie de reprodução do Squid Game em que dava 500 mil dólares ao vencedor, chegou aos 600 milhões). O que se percebeu? Que Ronaldo foi aproveitando todos os momentos para perceber como chegar mais longe e atingir novos públicos para continuar a crescer. No desporto como na vida, o desejo de ser o número 1.
No futebol, além dos títulos coletivos que continuam a ser a grande prioridade do avançado, Ronaldo tinha agora a fasquia dos 1.000 golos. Não é uma obrigatoriedade, não é uma necessidade, funciona como um mero desejo por ser sinal de aproximar a equipa e a Seleção das vitórias. E o último encontro oficial mostrou que o passar dos anos não impedem de continuar a ser o melhor amigos das balizas, tendo marcado dois golos e feito uma assistência na goleada de Portugal frente à Polónia que confirmou o primeiro lugar do grupo A1 da Liga das Nações. Agora, no regresso aos encontros pelo Al Nassr, o objetivo passava por recuperar aquele que foi o rendimento no início da temporada (um golo em nove dos dez primeiros jogos) numa fase de menor fulgor pela formação de Riade em que levava somente um golo nos últimos cinco encontros.
“Vim para vencer e melhorar a Liga. Quero sair com um legado construído. Isso é o que eu quero. Eles dizem que estou ultrapassado, que só cá estou pelo dinheiro… Eu ainda tenho paixão pelo futebol. Eles não acreditam mas estou cá para ganhar. Retirada? Não sei quando me vou reformar, provavelmente entre um ou dois anos. Não sei, em breve faço 40…”, salientou no documentário “Saudi Pro League: uma Nova Era” que foi distribuído pela Netflix. E essa vontade de mostrar serviço está sempre presente, com o português a fazer mais um golo pleno de oportunidade (neste caso, o 911.º da carreira). Problema? Stefano Pioli não conseguiu mudar os problemas que o Al Nassr tinha desde o início da temporada com Luís Castro e acabou mesmo por sofrer a primeira derrota na Liga saudita diante do surpreendente Al-Qadsiah.
Apesar de estar a ser a grande revelação da Liga saudita, com elementos de peso como Nacho, Aubameyang, Julián Quiñones, Nahitan Nández ou Puertas, o Al-Qadsiah surgiu em Riade mais recuado em campo do que se poderia pensar e o Al Nassr tentou aproveitar a entrega desse domínio para ganhar cedo vantagem no marcador. Problema? A eficácia. E depois de várias oportunidades falhadas, nomeadamente uma em que Ghareeb falhou na pequena área isolado e sem ninguém na baliza, Ronaldo aproveitou um erro de Casteels com insistência de Simakan no meio da confusão para fazer o 1-0 (33′). Tudo ficava mais facilitado para os visitados mas essa vantagem não duraria mais do que quatro minutos, com Julián Quiñones a ter mais um grande trabalho individual na área após cruzamento de Turki Al-Ammar para fazer o empate (37′).
Ronaldo não conseguia esconder o desalento pela igualdade no final dos 45 minutos iniciais, sobretudo pelas chances criadas sem sucesso incluindo um desvio de Nacho que seguia para a própria baliza mas que acabou desviado de forma inadvertida por Casteels para canto, e pior ficou no arranque do segundo tempo: novo cruzamento de esquerdo, assistência acrobática de Quiñones e desvio ao segundo poste de Aubameyang para a reviravolta (50′). Os visitados encontravam-se em desvantagem e, mais do que isso, sem capacidade para reverterem o domínio que o Al-Qadsiah foi começando a ganhar. Sadio Mané ainda teve um remate para defesa de Casteels mas as oportunidades para o empate rarearam e o Al Nassr sofreu mesmo a primeira derrota na Liga, correndo o risco de ficar já a nove pontos da liderança caso o Al Hilal ganhe nesta ronda.