O líder do Chadema, Freeman Mbowe, foi libertado sob fiança, anunciou este sábado o principal partido da oposição da Tanzânia, após ter sido detido na sexta-feira, a poucos dias da realização de eleições autárquicas.
“Esta noite, o presidente [do partido] Chadema Freeman Mbowe (…) bem como outros dirigentes que estavam detidos na esquadra de Vwawa [oeste] foram libertados sob fiança”, indicou o grupo político na rede social X.
Mbowe foi detido na sexta-feira depois da polícia ter dispersado, “utilizando gás lacrimogéneo”, um comício da campanha para as eleições autárquicas, marcadas para 27 de novembro, disse o Chadema. “Fomos acusados de violar o calendário da campanha, mas isso é infundado”, disse aos jornalistas o líder da oposição, após ser libertado, pouco depois da meia-noite (21h de sexta-feira em Lisboa).
“Penso que esta é uma medida deliberada para perturbar as campanhas que tínhamos planeado”, acrescentou Mbowe.
A polícia mantém ainda detidos vários membros do partido Chadema, lamentou o dirigente.
Mbowe já tinha sido brevemente detido no final de setembro, juntamente com dezenas de outras pessoas, quando a polícia tanzaniana impediu a realização de um evento do partido na capital Dar es Salaam.
Nos últimos meses, a Tanzânia, que partilha uma fronteira com Moçambique, tem assistido a uma intensificação da repressão política. O Chadema acusa as forças de segurança de estarem envolvidas no desaparecimento de vários membros do partido e no assassínio de Ali Mohamed Kibao, um dos seus dirigentes, encontrado morto a 07 de setembro.
Uma funcionária do partido afirmou ter sido raptada e torturada no mês passado por indivíduos que se diziam militares.
O escrutínio de 27 de novembro nas cidades e aldeias do país deverá ser um barómetro do panorama político antes das eleições presidenciais, previstas para outubro de 2025. Será o primeiro teste para a Presidente, Samia Suluhu Hassan, que assumiu o cargo após a morte súbita do antecessor, John Magufuli, em março de 2021.
Samia Hassan deu sinais de abertura democrática quando chegou ao poder, reabrindo rapidamente os meios de comunicação social proibidos, por exemplo. No entanto, nos últimos meses, a Presidente tem sido alvo de duras críticas, que a acusam de regressar às práticas autoritárias do antecessor.
Na terça-feira, o Chadema protestou junto da imprensa contra a desqualificação que descreveu como injusta de vários dos candidatos do partido.