Quase dois mil mineiros informais manifestaram-se no Peru, pelo terceiro dia consecutivo, para exigir a prorrogação até 2026 da inscrição no registo único estadual, que visa formalizar a sua atividade e termina em dezembro.
Vindos de todo o país e usando capacetes e coletes de trabalho, os mineiros manifestaram-se em Lima na sexta-feira, depois de terem passado a noite em tendas em frente ao Parlamento.
Na região de Ica, a sul da capital, centenas de manifestantes bloquearam dois troços de uma autoestrada com pedras e troncos de árvores, impedindo a circulação de dezenas de veículos.
O prazo para a inscrição no Cadastro Completo de Formalização Mineira, criado em 2016 para combater a mineração ilegal, expira a 31 de dezembro.
O sindicato dos mineiros informais peruanos reúne 500 mil trabalhadores, mas apenas 90 mil se inscreveram e, destes, apenas dois mil concluíram o processo.
Para se registar, as autoridades exigem a apresentação de um contrato de concessão que autorize a exploração ou aproveitamento do local.
“Pedimos que o processo de formalização seja prorrogado por mais dois anos para cumprir todas as normas legais exigidas pelo Estado”, disse Wilder Mayta, de 41 anos, vindo da cidade de Sandia (sudeste), na fronteira com a Bolívia.
O governo da Presidente conservadora Dina Boluarte apresentou um projeto de lei para clarificar o quadro jurídico dos mineiros informais após o prazo expirar, a 31 de dezembro.
Mas os mineiros opõem-se. “Vai beneficiar as grandes empresas e ficaremos sem trabalho”, lamentou Wilder Mayta.
O Peru é um dos maiores produtores mundiais de prata, cobre e ouro, e a mineração, apesar de ser muitas vezes realizada de forma ilegal, é um dos principais motores da economia do país.
Em dezembro passado, pelo menos sete mineiros morreram devido à derrocada parcial de uma mina na aldeia de La Rinconada, situada a mais de cinco mil metros acima do nível do mar, no sudeste do Peru.
Os corpos sem vida dos mineiros foram encontrados por um colega de trabalho a 1.500 metros de profundidade, que os conseguiu retirar de uma mina de ouro com a ajuda de um veículo.
As autoridades peruanas admitiram que as vítimas estariam a trabalhar ilegalmente e que não conseguiram escapar a tempo de uma detonação controlada ou num acidente com explosivos.