Nos últimos meses tem-se vivido uma autêntica revolução na Jaguar, que provavelmente tem originado alguns cabelos brancos na família Tata, dona do grupo indiano homónimo que, por sua vez, adquiriu os britânicos da Jaguar Land Rover em 2008. Tudo porque, em Junho passado, a marca decidiu parar com a produção de todos os seus modelos, excepção feita para o F-Pace, modelo que será abandonado em breve, sendo que o eléctrico I-Pace e o SUV compacto E-Pace serão descontinuados em Dezembro.
O abandono dos actuais modelos visou criar espaço para acolher uma gama eléctrica que estava prevista começar a chegar em 2025. Mas é provável que se registem atrasos, pois até o XJ 100% a bateria — que já estava na fase final de desenvolvimento — foi abandonado, pelo que só em 2026 deverão surgir os primeiros modelos eléctricos e já com o novo logotipo e imagem de marca que foram apresentados esta semana, numa revelação envolta em polémica.
É certo que a maioria dos construtores aproveitou a electrificação da gama para mexer um pouco no emblema e até no lettering da marca, mantendo contudo o que sempre os caracterizou e diferenciou da concorrência, ou seja, a estrela na Mercedes, a hélice na BMW e os quatro anéis da Audi, entre outros. Mas a Jaguar foi mais longe e, de forma algo surpreendente, abandonou o tradicional felino a iniciar um salto, o símbolo da marca que transmite uma imagem dinâmica e possante no capot dos modelos da marca desde 1945.
Ainda mal refeitos do choque de a Jaguar ter retirado o “animal” na frente dos seus veículos, os fãs da marca viram-no ser substituído por um emblema em que é possível ver um “J” e um “G”, mas que parece ser difícil de associar a um automóvel luxuoso e desportivo. As reacções nas redes sociais foram bastante negativas, com o popular Stephen Colbert, o apresentador do Late Night Show na cadeia de televisão norte-americana CBS, a afirmar que não percebe se o novo emblema está associado a uma marca de automóveis ou a preservativos de luxo.
E se o novo emblema da Jaguar é discutível, o também novo lettering da marca não lhe fica atrás, uma vez que foi necessário que os responsáveis do construtor apontassem as letras da palavra Jaguar que estão em maiúsculas (o G é a única a ser óbvia) que, de acordo com a marca, são o J, o G e o U. O lettering é, assim, oficialmente JaGUar. E, como se não bastassse, a excessiva exibição de cores vivas confundiu a plateia que durante uma hora assistiu à apresentação, com o jornalista James Baggott, da Car Dealer Magazine, a caracterizar o evento como a mais bizarra apresentação automóvel a que assistiu.
Para tranquilizar os jornalistas presentes, o respeitado Gerry McGovern, responsável pelo Design na Jaguar Land Rover, sentiu necessidade de garantir que “o rebrandingda marca é mesmo a sério” e que tanto ele como a sua equipa “não andam a snifar o pó branco”.
O lema da marca é “não copiar nada”, pelo que resta esperar para conhecer a berlina desportiva de luxo eléctrica que a JaGUar vai lançar em 2026 e que caracteriza como Super GT, uma vez que, em última instância, são os novos veículos que vão determinar o sucesso do construtor e não o marketing. E, quem tem dúvidas, basta ver o caso da Tesla (ainda que esta se dirija a um público diferente), que possui um orçamento para marketing de exactamente zero dólares e isso não a impede de alcançar o sucesso que se lhe reconhece.