O centro de Maputo está paralisado na manhã desta quarta-feira, com centenas de manifestantes a responderem ao pedido do candidato presidencial Venâncio Mondlane para bloquearem as principais artérias da capital moçambicana, com carros parados na estrada e pessoas com cartazes. E a polícia tem usado gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.
Em vários momentos houve já tensão entre manifestantes e as autoridades — um desses incidentes, registado em vídeo, aconteceu às 09h30 (07h30 em Lisboa), na avenida Eduardo Mondlane, quando um carro blindado avançou sobre os manifestantes a alta velocidade, atropelando uma mulher que participava nos protestos contra os resultados eleitorais. Nas imagens, publicadas pelo jornal Canal Moz no Facebook, é possível perceber que, de seguida, vários manifestantes se insurgem contra as autoridades.
A jovem foi, de imediato, transportada por outros populares ao hospital em estado grave. E, segundo a Lusa, a partir desse momento, à passagem de qualquer viatura policial, incluindo blindados, os manifestantes têm respondido com o arremesso de pedras e paus, pelo menos nas avenidas Eduardo Mondlane e Guerra Popular, centro da capital moçambicana. Cerca das 11h00 (09h00 de Lisboa), as autoridades disparam balas reais e foram cercadas por dezenas de populares.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou à população moçambicana para, durante três dias, a partir desta quarta-feira, abandonar os carros a partir das 08h00 nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.
Pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas num mês de manifestações, desde 21 de outubro, de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique, indica a atualização feita sábado pela Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia – que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar –, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.