O próximo Presidente dos EUA, que tomará posse a 20 de Janeiro, tem uma agenda que consiste, sobretudo, em reforçar a economia norte-americana. E além disso passar por colocar (muita) pressão sobre a indústria chinesa, os europeus não escapam, especialmente as marcas de luxo, as mais importantes em termos de volume de vendas do outro lado do Atlântico, que provavelmente deverão pagar taxas à importação quase 10 vezes mais elevadas do que actualmente. De acordo com o Politico, os impostos à importação de veículos fabricados na Europa deverá subir dos actuais 2,5% para 20%.
Bastou que transpirasse para a imprensa que os impostos a incidir sobre os veículos europeus que rumam para os EUA iriam aumentar, para que os títulos em bolsa dos construtores do Velho Continente que mais dependem do mercado norte-americano caíssem. Em causa estão a Mercedes, a BMW, a Audi e a Porsche, algumas das quais já fabricam nos EUA, mas que a equipa de Trump deseja que invistam ainda mais nos Estados Unidos, para ali produzir a maioria dos veículos que vendem aos americanos.
Este esperado incremento de impostos dos norte-americanos aos carros vindos da Europa não deveria espantar os europeus, uma vez que, até agora, um carro americano exportado para a Europa paga 10% à entrada do Velho Continente, mas um carro europeu é somente “castigado” com 2,5% à entrada dos EUA. Sucede que Trump parece pretender inverter a situação, taxando os europeus à chegada com 20%. Isto significa que se até aqui os modelos europeus lucravam ao pagar quatro vezes menos ao ser exportados, do que os seus rivais americanos, agora passam a pagar o dobro.
Os construtores germânicos projectaram instalar as suas novas fábricas no México, de forma servir o mercado norte-americano e o Canadá, sem contudo ter de enfrentar os maiores custos de trabalho nos EUA, usufruindo do Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio (NAFTA). Mas Trump já fez saber que oferecerá custos mais reduzidos de instalação, impostos, acesso e energia, caso se instalem nos EUA. O Presidente nomeado avançou igualmente que pretende anular as vantagens do NAFTA às empresas que invistam no México, apenas para contornar as taxas norte-americanas, reforçando a ideia que, caso não produzam os seus veículos nos EUA, com empregados americanos, “vão ter de pagar umas taxas substanciais”.