O Livre/Lisboa considera que a proposta de requalificação da Almirante Reis apresentada pelo presidente do município, Carlos Moedas, “não parece mais do que uma manobra de distração de um péssimo orçamento para o último ano de mandato”.
“A proposta em concreto embora seja um salto civilizacional face, quer ao atual traçado da Av. Almirante Reis, quer à proposta pop-up apresentada em 2022 por Carlos Moedas, tem ainda alguns problemas que podem e devem ser corrigidos antes de se avançar para obra”, refere o Livre, em comunicado.
Na nota, o Livre critica ainda o facto dos vereadores e partidos da oposição não terem sido convidados para a apresentação da proposta “por mais que para esta matéria tenham contribuído”.
O Livre recorda, a propósito, que em 2022, quando se gerou um impasse quanto ao futuro do espaço público da Almirante Reis, o partido “foi chamado a participar numa reunião de emergência com o gabinete da vereadora do Urbanismo e os diversos serviços da Câmara para a preparação do processo participativo da Av. Almirante Reis”.
Nesse âmbito, o Livre deixou “muitos contributos de modo que a construção de uma proposta futura decorresse com o maior envolvimento possível e da forma mais produtiva para a cidade”, lembra.
O Livre lamenta que agora a proposta não tenha sido apresentada previamente para que pudesse dar contributos e que, “mais uma vez”, tenha ficado a conhecer as propostas para a cidade “pela imprensa e pela máquina de campanha do presidente da Câmara”.
De acordo com o Livre, o perfil de Avenida proposto pelo presidente da Câmara de Lisboa (PSD) para a Almirante Reis “é mais próximo do perfil apresentado pelo Livre, em maio de 2022, do que com a proposta pop-up de Carlos Moedas de 2022″.
“A cidade perdeu dois anos e meio para fazer uma obra que já podia estar em curso para melhorar significativamente a qualidade ambiental, de vida e a mobilidade de Lisboa”, acusa o Livre Lisboa, sublinhando ainda que “incompreensivelmente” a obra, apesar de ter sido apresentada agora, só irá arrancar em 2027, com a segunda fase remetida para 2029.
A proposta apresentada na terça-feira foi desenvolvida depois de um processo de participação pública, que decorreu no ano passado, obtendo “cerca de 2.500 contributos”, explicou Carlos Moedas, salientando que foram tidos em conta e que tinham como prioridades “o aumento de áreas verdes, a melhoria da higiene urbana e a segurança na ciclovia”.
Assim, o projeto para a nova Avenida Almirante Reis prevê a plantação de 370 árvores, 275 novos lugares de estacionamento e o fim do separador central.
A ciclovia vai passar para as vias laterais e toda a avenida vai ser dividida em dois troços.
Num deles, entre o Martim Moniz e a Alameda, passa de duas para três vias, sendo uma via descendente (para o sentido do Martim Moniz) e duas ascendentes (em direção ao Areeiro). A mais à direita será uma faixa BUS.
No segundo troço, entre a Alameda e a praça do Areeiro, a avenida ganha quatro vias, duas das quais exclusivas a transporte público.
Nova Almirante Reis com mais espaços verdes, mais estacionamento e mais segurança nas ciclovias
Em novembro de 2022, a Câmara de Lisboa aprovou a metodologia para o desenvolvimento do Projeto Integrado de Requalificação do Eixo da Almirante Reis, prevendo um processo de participação pública para, depois, elaborar o programa de intervenção e iniciar a obra em 2025.
Essa proposta surgiu quatro meses após o recuo do presidente da Câmara de Lisboa relativamente à alteração da ciclovia nesta avenida, afirmando que o tema era “demasiado relevante para jogos partidários”, tendo retirado a sua proposta de solução provisória para priorizar o projeto de reperfilamento desta artéria.