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Os equívocos do 28 de Maio – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Dez 16, 2023

Como se tem tornado mais evidente nos últimos tempos, o controlo das narrativas históricas tem vindo a condicionar a percepção e o entendimento que temos dos fenómenos políticos. São recorrentes quer a aplicação de filtros ditos “presentistas” que “corrigem”, isto é, manipulam, os acontecimentos passados fazendo-os passar pelo crivo do que hoje é imposto como o “politicamente correcto” quer aplicando-lhes a simplificação reducionista que tudo resume a um jogo de “bons e maus”. E amiúde, quer as tónicas do discurso quer o léxico acabam por influenciar não só os críticos ou detractores de um determinado posicionamento político como por vezes, pela ignorância grassante, até os seus mais encomiásticos defensores.

Nas vésperas das comemorações dos 50 anos do golpe militar de 25 de Abril de 1974, é habitual justificá-lo ainda com a repulsa popular ao regime do Estado Novo que durou 41 anos, de Abril de 1933 a Abril de 1974. Há mesmo nos “sectores burgueses” quem não hesite em adoptar o discurso dos “progressistas” mais extremistas que abarcam num único compasso histórico a situação política que resultou do golpe militar do 28 de Maio de 1926 acrescentando-lhe 7 anos. E assim se chegam aos habituais 48 anos de “salazarismo” quando não de “fascismo”, escamoteando o facto de Salazar, enquanto decisor político, nada ter a ver com aquele golpe militar nem ter sido fascista (ou sequer simpatizante)… a não ser pelos critérios de propaganda estabelecidos nos 2.º e 4.º Congresso da Internacional Comunista. Afinal, grande parte do que iria ficar conhecido como Reviralho nasceu do PREC (Processo Revolucionário em Curso) em que se digladiaram os principais sectores políticos apoiantes do golpe militar de 1926.

A 28 de Maio daquele ano eclodia em Portugal um golpe castrense, como expressão manu militari de “uma grandiosa aspiração colectiva que abraçava a nação de lés-a-lés e a crucificava num desejo sublime de resgate”, como escreveu António de Cértima. Para ele, o 28 de Maio “não resultou daquelas tenebrosas elaborações das alfurjas secretas dos partidos; não foi uma insubordinação militar, foi um levantamento nacional; não foi uma agressão, foi um protesto”. Sobre a aparente apatia inicial do movimento operário organizado, farto da prepotência dos “democráticos”, de entre os diversos grupos e personalidades que apoiaram, ab initio, o movimento do 28 de Maio, incorrendo eventualmente nalguma redução, é possível considerar três grandes linhas de força.

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