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Esteve sete horas ajoelhado, vendado e amarrado numa galeria enquanto fingia ser um palestiniano detido e torturado pelo exército israelita. Na última hora do espetáculo performativo, Igor Dobrowolsk foi levado a “passear” pelas ruas polacas com a ajuda da curadora da exposição artística, ainda de venda e amarras. Os dois foram seguidos por algumas dezenas de pessoas que estavam a visitar a galeria e pararam à frente do McDonald’s, do Starbucks e de outras lojas de marcas consideradas representativas do capitalismo.
Como tem feito ao longo dos últimos anos, Dobrowolsk trouxe a arte às ruas da Polónia como forma de protesto e ativismo pró-palestiniano. Quando um embaixador palestiniano o visitou no espetáculo performativo de oito horas e lhe disse que o que estava a fazer era “muito importante para o povo da Palestina”, o artista polaco nem teve como o reconhecer, já que estava de olhos tapados. Numa entrevista à Aljazeera, recorda o silêncio da sala de exposições, com as palavras a faltar a quem o visitou durante a exposição em que se fundiu com as obras plásticas que cria diariamente para ilustrar a realidade do dia-a-dia em Gaza.
Repetiu o espetáculo performativo em frente à embaixada de Israel na Polónia, ao lado de um cartaz em que se lê, em inglês: “Welcome to Israhell”. E este não foi o local mais polémico que escolheu para mostrar a sua arte e para fazer ativismo.
My solo protest at the Israeli embassy in Poland.
I recommend the read investigation of one of the biggest human rights groups: B’Tselem’s titled “Welcome to Hell”—report exposing abuse and inhumane treatment of PalestiniansVideo: @celinalawina #free????✊????️ #free???? pic.twitter.com/V9Xg7VRI6t
— Igor Dobrowolski (@IgorDobrowolsk) December 2, 2024
Antes disso, em outubro, já tinha realizado uma ação de protesto em frente a Auschwitz-Birkenau. Com uma bandeira da Palestina colada nas costas, ergueu um cartaz em que se lia, de um lado: “Israel explora a memória do Holocausto para levar a cabo um genocídio. No verso, o artista lançava a questão: “O nunca mais não é para todos?“. No vídeo que partilhou no X da ação é possível ver grupos de visitantes a chegar e a deixar o local histórico onde esteve montado um campo de concentração para judeus.
My stand alone protest in front of Auschwitz-Birkenau.
Writing on the baner: “Israel exploits holocaust memory to carry it genocide”
“Is never again for everyone ???”A fragment from a documentary moviehttps://t.co/tR2B0dzaQA#free???? #free????✊????️ #neveragainisforeveryone pic.twitter.com/Ex0mftIbga
— Igor Dobrowolski (@IgorDobrowolsk) October 15, 2024
Em abril, Igor Dobrowolski já tinha desafiado a consciência moral das empresas internacionais que considera estarem implicadas no “genocídio” operado por Israel em Gaza. Substituiu vários anúncios em paragens de autocarros, colando os seus designs por cima. Simulou anúncios de marcas muito conhecidas, como a Zara. Em vez de modelos profissionais, os protagonistas dos cartazes são as vítimas das guerra em Gaza, com imagens gráficas de palestinianos feridos.
Entre os seus vários protestos artístico, incluem-se cartazes que colou em várias zonas da Polónia e Alemanha, um deles que usa a imagem de Cristiano Ronaldo e faz referência a Portugal para alertar para as vidas e talentos que se perdem diariamente em Gaza.
“Quantos sonhos e potencialidades se perdem. Quanta dor e arrependimento se sente por causa de sonhos perdidos que nunca se tornarão realidade. Quantos seres bonitos perdemos. Espero que haja vida depois da vida e que algo melhor espere por estas almas”, escreveu o artista no X para ilustrar os cartazes em que coloca, lado a lado, grandes estrelas internacionais e crianças feridas e a sofrer em Gaza.
How many dreams and potential is lost. How much pain and regret be felt because of lost dreams that will never come true. How many beautiful beings we lose. I hope that there is life after life and that something better awaits these souls. #free???? #freepalestine pic.twitter.com/05qxZbVsae
— Igor Dobrowolski (@IgorDobrowolsk) May 1, 2024
Dobrowolski quer garantir que as pessoas vejam o que se passa em Gaza através da sua arte, daí como refere, sentir necessidade de “quebrar a bolha” das galerias e trazer a sua arte para as ruas. O desafio aumenta por fazê-lo na sua terra natal, a Polónia, onde o passado do Holocausto colam as suas demonstrações artísticas ao antissemitismo.