O Quirguistão anunciou esta quinta-feira que vai alterar o seu hino nacional por ser “demasiado soviético”, na mais recente iniciativa das autoridades locais para modificar os símbolos do Estado e reforçar a identidade daquele país da Ásia Central.
“Foi constituída uma comissão parlamentar para a alteração do hino nacional”, informou a agência de notícias Kabar.
O hino nacional atual, adotado após a queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 1991, é idêntico ao hino soviético.
Segundo o presidente do Quirguistão, Sadyr Japarov, o hino é anacrónico e não reflete “uma história de 5.000 anos”.
Neste outono, Japarov apelou à criação de “um hino que inspire os jovens e as gerações futuras”.
De acordo com o Presidente do Parlamento quirguiz, Nourlan Chakiev, o novo hino, que deverá ser oficializado em abril, será “fácil de cantar para pessoas com idades entre os 5 e os 95 anos” e “estimulará o país para o desenvolvimento”.
O Quirguistão, que é um aliado da Rússia, mas não tem seguido uma política de desassociação da antiga União Soviética, ainda possuindo estátuas do fundador, Vladimir Lenine, espalhadas por todo o país montanhoso.
Na Ásia Central, o Quirguistão, o Uzbequistão e o Tajiquistão mantiveram o hino soviético, mas alteraram a sua letra, retirando referências ao comunismo, a Lenine ou ao “grande irmão russo” que veio “ajudar os povos da Ásia Central”.
Nos últimos anos, o Quirguistão renomeou diversos locais com referências comunistas e promoveu a língua quirguize no país onde o russo continua a ser a língua oficial, medidas estas tomadas após a invasão russa na Ucrânia em 2022, que levantou receios sobre as intenções expansionistas de Moscovo na Ásia Central.
Depois de alterar a Constituição do país em 2021, Japarov decidiu no ano passado mudar a bandeira, optando por um sol amarelo com uma representação de um yurt (cabana circular usada tradicionalmente por pastores mongóis) sobre fundo vermelho.