A Rússia saudou, esta sexta-feira, a posição do próximo Presidente dos EUA, Donald Trump, que se opôs ao uso de mísseis norte-americanos pela Ucrânia contra o território russo. “A declaração corresponde plenamente à nossa posição, e a [sua] visão das causas da escalada [do conflito] também está em linha com a nossa (…) É óbvio que Trump compreende o que causa a escalada da situação”, elogiou o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitry Peskov, na sua conferência de imprensa diária.
Num artigo publicado na quinta-feira pela revista Time, o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que se opunha “fortemente” à utilização pela Ucrânia de mísseis norte-americanos de longo alcance na Rússia, ao mesmo tempo que prometeu não abandonar Kyiv.
“Oponho-me veementemente ao lançamento de mísseis para centenas de quilómetros do interior da Rússia. Porque o estamos a fazer?”, questionou. “Estamos apenas a intensificar esta guerra e a torná-la pior”, defendeu Donald Trump, em declarações feitas a 25 de novembro, especifica a Time, antes do seu encontro com os presidentes francês e ucraniano, Emmanuel Macron e Volodymyr Zelensky, por ocasião da reabertura da Catedral de Notre Dame, em Paris.
A Ucrânia usou, nas últimas semanas, pelo menos quatro vezes mísseis ATACMS para atacar alvos na Rússia, o que levou Kremlin a prometer uma retaliação, já que o Presidente russo, Vladimir Putin, tinha apontado os ataques ucranianos em solo russo com armas ocidentais como uma “linha vermelha”. Os mísseis ATACMS têm um alcance máximo de 300 quilómetros.
Questionado sobre as declarações de Donald Trump, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, órgão ligado à Casa Branca, afirmou quinta-feira que não quer “num bate boca” com o Presidente eleito sobre esta questão.
“A política do Presidente [Joe] Biden tem sido a de fazer tudo o que for possível para que a Ucrânia se possa defender, para que se e quando chegarmos às negociações, o Presidente Zelensky esteja nas melhores condições possíveis”, explicou John Kirby em conferência de imprensa.
Na sua entrevista à Time, Donald Trump referiu querer “chegar a um acordo” para resolver o conflito na Ucrânia, adiantando que “a única forma de chegar a um acordo é não desistir”, pelo que não pretende abandonar o apoio a Kyiv.
Para o Kremlin, porém, não há condições nenhumas de manter negociações com a Ucrânia, já que, segundo avançou a presidência russa, os “pré-requisitos não foram cumpridos”.
“Não queremos um cessar-fogo, queremos a paz, uma vez cumpridas as nossas condições e todos os nossos objetivos alcançados”, sustentou Dmitry Peskov, acrescentando que a principal condição de “pré-negociação” da paz é uma rendição da Ucrânia.