Tendencialmente, os EUA são um país de grandes investimentos e que atrai muitos milionários. O desporto não é exceção e, nos últimos anos, parte dos atletas mais bem pagos do mundo atua do outro lado do oceano Atlântico. O basebol é um dos desportos que mais cativa os norte-americanos e, como não podia deixar de ser, é também uma das grandes fontes de investimento dos multimilionários. Um desses casos levou o japonês Shohei Ohtani a trocar os Los Angeles Angels pelos rivais Los Angeles Dodgers a troco de… 650 milhões euros por um contrato de dez anos.
Dorme dez ou mais horas, não abdica de intérprete, gosta de Manga e é visto como o novo Babe Ruth: Shohei Ohtani, o mais bem pago do mundo
O atleta de 30 anos era, até esta semana, o desportista mais bem pago do mundo. “Era” porque acabou de ser superado pelo companheiro de profissão Juan Soto, que deixou os New York Yankees, em final de contrato, e assinou pelos rivais New York Mets a troco de… 726 milhões de euros. O acordo é válido para os próximos 15 anos e permitirá ao atleta da República Dominicana amealhar cerca de 1,53 euros por segundo. Já agora, o resto das contas: 92,33 euros por minuto, 5.540 por hora, 132.602 por dia e 930.739 por semana. No final de cada mês, Soto terá amealhado 4,03 milhões. Por ano, são 48,4 milhões.
O maior e mais longo contrato da história da MLB é, só por si, exorbitante, mas os valores finais podem não ficar por aqui, já que o acordo contempla bónus de performance e publicidade. Soto vai receber 75 milhões de prémio de assinatura, bem como uma vantagem tributária estadual. Só em em 2025 os Mets terão de pagar mais de 114 milhões de euros. Até 2029, o jogador tem uma cláusula de rescisão opcional que, caso seja anulada pela franquia, aumentará o seu ordenado em 3,8 milhões anuais, levando o contrato para os 765,8 milhões.
Signed Soto ✍️ pic.twitter.com/l9tl03C6x2
— New York Mets (@Mets) December 12, 2024
Segundo a imprensa norte-americana, Juan Soto também foi disputado por Boston Red Sox, Toronto Blue Jays e Los Angeles Dodgers, e chegou a receber uma proposta de 722,5 milhões para renovar pelos Yankees, oferta que continha uma ligação válida por 16 anos, ao invés dos 15. Curiosamente, os Dodgers, a equipa de Ohtani, derrotaram os Yankees na última World Series (final) da MLB (4-1), realizada em outubro. Soto chegou à Liga norte-americana de basebol com apenas 19 anos e, aos 21, já se tinha sagrado campeão ao serviço dos Washington Nationals. De notar ainda que o jogador vai receber cerca de 300 mil euros por jogo e, se mantiver o desempenho que apresentou em 2024, cada home run vai valer praticamente um milhão de euros.
Em termos de contratos milionários há ainda a destacar o que Patrick Mahomes, quarterback da NFL (futebol americano), assinou em 2020, que custou aos Kansas City Chiefs 445 milhões de euros por dez anos. No basquetebol (NBA), Jayson Tatum renovou com os Boston Celtics a troco de 279,5 milhões durante cinco anos, o que faz com que ganhe cerca de 57 milhões por temporada. No futebol, Cristiano Ronaldo recebe mais de 200 milhões por ano do Al Nassr e Lionel Messi aufere quase 60 milhões no Inter Miami, também nos Estados Unidos (MLS).
JUAN SOTO.
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Como é habitual nos EUA, os Mets são uma franquia propriedade de um magnata, no caso Steve Cohen, que adquiriu o clube em 2000 com o objetivo de acabar com a seca de títulos — desde 1986 que os Mets não vencem a NFL. Com essa meta em vista e com a intenção de mostrar que a sua franquia é superior aos rivais Yankees, Cohen decidiu contratar Juan Soto. Ainda assim, o histórico indica o contrário, já que a antiga franquia de Soto é a mais titulada da Liga, com 27 troféus, ao passo que os Mets têm apenas dois.
Conhecido pelos norte-americanos como o “senhor 20 mil milhões”, é precisamente esse número que explica a vida do dono dos Mets e a contratação de Soto que, aos 26 anos, é dos jogadores mais apetecíveis da MLB, pelo que, tirá-lo ao rival, é um negócio duplamente positivo. Para já, Cohen está a dar todas as condições à franquia de repetir os feitos de 1969 e 1986, faltando saber se o rendimento em campo será condicente com esse investimento.
Juan Soto will become the highest paid player in MLB history ???? pic.twitter.com/dj6jikJojb
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O multimilionário adquiriu os New York Mets em 2020, a troco de 2,29 mil milhões de euros, quantia que não passou de mais um investimento para um empreender que se formou em economia na Wharton School, da Universidade da Pensilvânia, e, no primeiro dia a trabalhar em Wall Street, faturou 7.600 euros. Desde então cresceu no mundo dos negócios e, atualmente, a sua fortuna está avaliada em 19 mil milhões, o que faz com que seja o dono de uma franquia da MLB com mais dinheiro, e com grande vantagem para os restantes. Cohen é também presidente da Point72 Asset Management, empresa que gere ativos, tem mais de três mil funcionários e que foi criada depois de o seu fundo S.A.C. ter sido condenado a pagar 1.714 milhões para não cair num processo judicial com graves consequências.
“Acredito que se não inovares e não te adaptares, estás a morrer. Não permitirei que isso aconteça aqui. As grandes ideias podem surgir de qualquer parte desta empresa e podem aplicar-se em qualquer lugar da empresa. Precisamos de pessoas que pensem de forma empreendedora para nos ajudar a avançar”, lê-se no site da empresa. Nos Mets acontece praticamente o mesmo. Cohen pretende inovar a franquia com riscos e estabeleceu como meta vencer a World Series no prazo de cinco anos, pelo que o objetivo termina… em 2025.
History. pic.twitter.com/mZSdPekwD0
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A meta é ambiciosa e o milionário pouco se importa com o balanço financeiro da franquia, que na temporada passada faturou mais de 374 milhões de euros e teve perdas de 278 milhões. Na vida pessoal, Steve Cohen gasta mais de 950 milhões em causas sociais e tem sete filhos de diferentes relacionamentos.