Uma em cada quatro pessoas que cresceram numa família com baixos recursos financeiros não consegue sair da situação de pobreza na idade adulta. Cerca de 22% dos adultos cujo pai era agricultor ou trabalhador não qualificado são pobres; contudo, esta percentagem baixa para 7% se falarmos de pais que trabalhavam como especialistas de uma atividade intelectual ou com uma profissão intermédia. Estes são dados do estudo “Portugal e o elevador social: nascer pobre é uma fatalidade?”, que nos demonstra a grande influência que o lugar em que nascemos tem no desígnio do nosso futuro. Apesar de a progressão entre classes sociais não ser estanque, certo é que o elevador social parece, por vezes, estar avariado. Por isso, é importante o papel de muitas associações e outros tipos de projetos que almejam combater este círculo vicioso. Foi para as auxiliar que, em 2019, nasceu o Prémio Infância, criado pelo BPI em conjunto com a Fundação ”la Caixa”, que este ano foi atribuído a 39 projetos, com um investimento total de 1,4 milhões de euros.
Num mundo perfeito, todos teríamos as mesmas oportunidades de trabalho e de vida; o lugar onde se nascesse não ditaria o futuro do indivíduo; e a mobilidade social seria algo normal e frequente. Porém, não é o que acontece em Portugal. Apesar de algumas medidas políticas públicas procurarem promover a igualdade de oportunidades e a mobilidade social, a verdade é que a ascensão social ainda é difícil em pleno século XXI, sobretudo para quem parte de origens mais desfavorecidas. E o estudo “Portugal e o elevador social: nascer pobre é uma fatalidade?” corrobora esta premissa: uma em cada quatro pessoas que, aos 14 anos, vivia num agregado com má situação financeira é pobre; um em cada três adultos cuja família, quando eles tinham 14 anos, não conseguia satisfazer as necessidades de material escolar, é pobre; os adultos cujas famílias, quando eles tinham 14 anos, não conseguiam garantir uma refeição proteica diária têm uma taxa de pobreza de 22%, ao passo que os restantes adultos têm uma taxa de pobreza de 10%. Aliás, no mesmo estudo, relativamente a uma comparação entre as gerações nascidas em 60, 70 e 80, conclui-se que a transmissão intergeracional de pobreza não está a diminuir. Para poder dar resposta a estas crianças e tentar desviar-lhe o caminho para enveredarem por um futuro melhor, crescem associações e projetos que lhes dão o devido apoio, ao tentarem combater a pobreza tanto na infância como na adolescência. Contudo, também estas instituições acabam por precisar de ajuda, sobretudo económica, para conseguirem alcançar os seus objetivos, em prol das crianças. Foi para as auxiliar que, em 2019, nasceu o Prémio Infância, criado pelo BPI em conjunto com a Fundação ”la Caixa”. Um prémio cujo objetivo é apoiar projetos que “visem quebrar o círculo vicioso da pobreza, que facilitem o desenvolvimento e a formação de crianças e adolescentes em situação vulnerável e que reforcem a família e a comunidade educativa como eixo da ação socioeducativa”, lê-se no site do galardão.
Projetos vencedores
↓ Mostrar
↑ Esconder
↓ Mostrar
↑ Esconder
Na edição de 2024 do Prémio BPI Fundação ”la Caixa” Infância, foram distinguidos os projetos:
Aveiro: Associação de Desenvolvimento do Concelho de Espinho; Bela Vista — Centro de Educação Integrada; ORBIS — Cooperação e Desenvolvimento.
Açores: Casa do Povo da Maia;
Braga: Associação Teatro Construção; CAISA C.R.L.; Clube Desportivo Xico Andebol; Cruz Vermelha Portuguesa — Delegação de Braga;
Coimbra: Centro de Apoio Social de Pais e Amigos da Escola n.º 10.
Évora: O Casulo — Associação para o Desenvolvimento Sociocultural da Zona Oeste de Évora.
Leiria: Ala D’Artistas — Associação Cultural e Artística; Instituto Jovens Músicos — IJM Associação Cultural; Sociedade Artística Musical dos Pousos.
Lisboa: Associação Academia do Johnson Semedo; Associação Aprender em Parceria — A PAR; Associação de Ajuda ao Recém-Nascido; Associação de Residentes do Alto do Lumiar; Aproximar — Cooperativa de Solidariedade Social; Epic Student — Associação; Eu Cãosigo; Fundação Obra Social das Religiosas Dominicanas Irlandesas; Fundação Rui Osório de Castro; InLuto — Associação Portuguesa de Cuidados Integrados no Luto; Instituto Padre António Vieira; Kilig CRL; Semear Valores, CRL; Trilho da Ciência.
Porto: AC — Associação Cuidadores, melhorar a vida de quem cuida; Associação de Promoção e Defesa da Vida e Família — Vida Norte; Instituto de Desenvolvimento e Inclusão Social — IDIS; Misericórdia de Gaia; Passo Positivo; Querer Ser — Associação para o Desenvolvimento Social; Talentos de Campeão — Associação Desportiva.
Madeira: Associação Casa do Voluntário.
Santarém: Associação Vidas Cruzadas.
Vila Real: Centro Social e Paroquial da Campeã; Centro Social e Paroquial Santa Eulália da Cumieira.
Viseu: Casa de Vilar — Associação Cultural e Artística.
Saiba mais sobre estes projetos aqui.
Na edição de 2024 do Prémio Infância, no total, o BPI e a Fundação ”la Caixa” atribuíram 1,4 milhões de euros a 39 projetos (em média, cerca de 35.860 euros por instituição) que vão permitir ajudar mais de 9 mil beneficiários. Capacitação e aquisição de competências sociais e emocionais, projetos de requalificação de espaços infantis, programas de desporto inclusivo, ações de cidadania e de combate à discriminação, cursos de educação parental para jovens reclusos ou famílias monoparentais, atividades de educação assistidas por cães ou gamificação da língua portuguesa são algumas das áreas dos projetos que foram galardoados com o Prémio Infância, de entre 125 candidaturas.
Desde 2019 que o BPI em parceria com a Fundação ”la Caixa” atribui o Prémio Infância, sempre com a finalidade de quebrar o ciclo de pobreza e facilitar o desenvolvimento e empoderamento na infância e adolescência, ao mesmo tempo que se potencializa a família como eixo de ação socioeducativa. Ao longo das suas seis edições, foram já investidos 6,4 milhões de euros em 194 projetos, o que permitiu auxiliar mais de 44 mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
6,4 milhões
Valor total investido no Prémio Infância pelo BPI e pela Fundação ”la Caixa” desde a sua criação, em 2019.
Este ano, na cerimónia de entrega do Prémio, que decorreu no Espaço Ágora — BPI All in One, salientou-se a importância de apoiar respostas sociais que permitam enfrentar os desafios da transmissão da pobreza entre gerações. Tudo para que se consiga alcançar uma sociedade mais justa e equitativa, em que ninguém, muito menos uma criança, é deixado para trás.