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De “Rosa do Deserto” a odiada. Quem é Asma al-Assad, a bancária inglesa amante do luxo e mulher do ex-presidente da Síria? – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Dez 23, 2024

Em março desse ano, 15 crianças de Deraa, no sul da Síria, escreveram nas paredes da escola: “O povo quer a queda do regime”. Em resposta, o governo do país prendeu-os e torturou-os, gerando indignação na população, que saiu à rua em protesto.

“O que é que a esposa de Assad, uma mulher inteligente e educada criada no liberalismo inglês, pensa das malvadezas perpetradas todos os dias pela Síria? Será que a princesa Diana da Síria se tornou na sua Maria Antonieta?”, questionou o diário britânico The Times à época.

Em resposta, num email enviado pela então primeira-dama lia-se: “O Presidente é o Presidente da Síria, não uma fação de sírios, e a Primeira Dama apoia-o nesse papel. Atualmente, [a primeira-dama] está igualmente envolvida em colmatar as lacunas e encorajar o diálogo. Ela ouve e conforta as famílias das vítimas da violência.”

A reação de Asma al-Assad, que ficou do lado do marido, gerou indignação. E levou a Vogue a retirar o artigo inicialmente publicado em virtude não só desta declaração, como de toda a situação de guerra que o país atravessava e que a primeira-dama parecia apoiar. “Depois da nossa entrevista, à medida que os terríveis acontecimentos do último ano e meio se desenrolavam na Síria, tornou-se claro que as prioridades e os valores [do regime de Assad] estavam completamente em desacordo com os da Vogue“, disse Anna Wintour, editora-chefe da revista, citada pelo New York Post.

Tudo se agravou ainda mais quando o The Guardian, ainda em 2012, divulgou emails privados trocados entre Bashar al-Assad e a sua mulher em que era revelado que Asma al-Assad tinha gasto milhares de dólares em bens de luxo, nomeadamente sapatos, jóias, mobílias personalizadas e pinturas. Só em mobílias inglesas terá gasto cerca de 500 mil dólares (cerca de 480 mil euros). Tudo isto ao mesmo tempo que milhares de pessoas morriam e o país continuava em guerra.

O crescimento da revolta para com a postura que Asma al-Assad estava a assumir levou a comunidade internacional a reagir, sendo lançada uma petição (que contou com o apoio das mulheres dos embaixadores britânico e alemão junto da Organização das Nações Unidas). Neste âmbito, foi lançado um vídeo onde apelavam à primeira-dama síria para que agisse e contribuísse para o fim da guerra.

O vídeo, com a duração de 4 minutos, foi publicado no Youtube e apresentava um contraste de realidades: surgiam imagens de Asma al-Assad no quotidiano e imagens de mulheres e crianças feridas e mortas. Ao mesmo tempo, ouviam-se frases como “algumas mulheres preocupam-se com o estilo… e algumas cuidam do seu povo”. Ouve-se depois parte de um discurso feito por Asma al-Assad em que a primeira-dama diz que “todos devemos poder viver em paz, estabilidade e com dignidade”, sendo depois lançada a questão: “O que te aconteceu, Asma?”

Desde 2012, pouco tem sido escrito sobre Asma al-Assad. Apenas em 2018 veio a público que teria sido diagnosticada com cancro da mama, estando a fazer tratamentos. Na rede social X foi, inclusivamente, divulgada uma fotografia do casal durante uma das sessões de tratamento. Um ano depois Asma al-Assad aestava curada. Mas, em maio deste ano foi anunciado que a primeira-dama tinha sido diagnosticada com leucemia, tendo iniciado, uma vez mais, tratamentos, de acordo com a BBC.

Esta segunda-feira foi avançado por meios de comunicação turcos e árabes que Asma al-Assad teria pedido o divórcio a Bashar al-Assad e tinha intenções de regressar ao Reino Unido. No entanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, já desmentiu a informação, assegurando que as informações “não correspondem à realidade” e que Bashar al-Assad e a mulher não estão proibidos de sair de Moscovo (onde estão exilados) e nem têm bens congelados.

Mas onde começa a ligação de Asma al-Assad com a Rússia? Tal como recorda a BBC, o país liderado por Vladimir Putin foi um forte aliado de Bashar al-Assad durante a guerra civil na Síria. E que apenas não terá dado apoio a este país após o ataque do final de novembro (no qual Bashar al-Assad foi deposto) porque estava com todos os olhos voltados para a Ucrânia.

Como vai ser o asilo de luxo de Bashar Al-Assad em Moscovo, uma cidade que lhe é familiar

Contudo, pouco tempo depois de os rebeldes sírios terem afastado Bashar al-Assad do poder, a imprensa russa noticiava que a família do até então presidente sírio estava já em Moscovo, tendo sido concedido asilo por “razões humanitárias”.

Nos últimos anos, a família de Bashar al-Assad terá comprado pelo menos 18 apartamentos de luxo em Moscovo, de acordo com o Financial Times. O mesmo jornal escreve que o presidente terá transportado por via aérea cerca de 250 milhões de dólares em dinheiro para a capital russa entre 2018 e 2019. Além disto, o próprio filho mais velho do casal Al-Assad, Hafez (cujo nome é igual ao do anterior presidente), tem estado a viver em Moscovo, tendo recentemente defendido a sua tese de doutoramento, de acordo com a agência AFP.





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