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Centenas de manifestantes saíram à rua em localidades cristãs em Damasco, capital da Síria, na madrugada desta terça-feira, de acordo com a imprensa internacional. Protestam contra a queima de uma árvore de natal perto de Hama, no centro da Síria, e exigem a proteção das minorias religiosas ao novo governo sírio, após a queda do regime de Bashar al-Assad.
“Exigimos os direitos dos cristãos”, gritaram alguns dos manifestantes, segundo a AFP, enquanto marchavam pela capital síria em direção à sede do patriarcado ortodoxo, em Bab Sharqi. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra militantes encapuzados a incendiar uma árvore de Natal na cidade de Suqaylabiyah, de maioria cristã, perto de Hama. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos diz que se tratavam de estrangeiros do grupo islâmico Ansar al-Tawhid.
“Se não nos é permitido viver a nossa fé cristã no nosso país, como costumávamos fazer, então já não pertencemos aqui”, disse um dos manifestantes à AFP.
Earlier today, armed extremists set fire to a Christmas tree in Suqaylabiyah in Hama, Syria. Local channels say they were Uzbek militants.
HTS apologized for the incident and promised to deal with any future threats, but many Christians do not believe this will happen. pic.twitter.com/1Op98CUmTB
— The Cradle (@TheCradleMedia) December 23, 2024
Noutro vídeo, também citado pela AFP, um líder religioso do grupo islamista Hayat Tahrir al-Sham, um dos principais grupos das forças rebeldes que derrubou o regime ditatorial de Assad, é visto a dirigir-se à população local e a dizer que quem incendiou a árvore não é sírio e prometendo punição. “A árvore será restaurada e iluminada amanhã de manhã”, garantiu.
Os protestos acontecem cerca de duas semanas depois de uma coligação armada ter derrubado o governo de Bashar al-Assad, que se posicionou como defensor das minorias, num país em que a maioria da população é composta por muçulmanos sunitas.
Mais de 25 mil refugiados sírios atravessaram a fronteira turca para regressar ao seu país nos últimos 15 dias, após a queda do regime do presidente Bashar al-Assad, disse esta terça-feira o ministro do Interior turco, Ali Yerlikaya. Um número anterior, divulgado pelas autoridades turcas, indicava 7.621 regressos da Turquia entre 9 e 13 de dezembro, os quatro dias que se seguiram à queda de Bashar al-Assad.
A Turquia, que partilha uma fronteira de mais de 900 quilómetros com a Síria, continua a albergar cerca de 2,92 milhões de sírios que fugiram da guerra que assolou o país a partir de 2011, disse Yerlikaya à agência noticiosa estatal Anadolu. Mais de 500.000 sírios vivem em Istambul, a maior cidade da Turquia, acrescentou.
O ministro do Interior turco adiantou que serão criados gabinetes de gestão da migração na embaixada turca em Damasco, capital síria, e no consulado turco em Alepo, segunda maior cidade síria, para facilitar o processo de reinstalação dos refugiados na Síria. Perante o forte sentimento anti-sírio da população, as autoridades turcas esperam que um grande número de refugiados regresse à Síria.
Ancara vai permitir que um membro de cada família de refugiados viaje para a Síria e regresse três vezes durante o primeiro semestre de 2025, a fim de preparar a sua reinstalação. Os refugiados sírios poderão também levar consigo os seus veículos, o que era impossível até agora, acrescentou Yerlikaya.