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Segurança – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Dez 25, 2024

Anda por aí muita conversa sobre segurança. A coisa começou com uma declaração pública do primeiro-ministro, nas tv’s e em horário dito nobre, muito criticada pelo grosso das oposições por entenderem que o anúncio de Portugal ser país seguro e a polícia ir ter mais carros era treta eleitoralista e não tinha dignidade para directo de abertura de telejornal em horário nobre.

Mas em boa verdade parece notório que o pessoal estaria a sentir algum desconforto com a divulgação de um certo crescendo criminal, daí que o doutor Montenegro tenha também sentido necessidade de lhe contrapor algum conforto, pois que as forças policiais estavam sempre a velar pela nossa segurança.

Para o demonstrarem estas envolveram as tv´s no assunto e pronto, as imagens assim divulgadas, em particular as do Martim Moniz na semana que antecedeu o natal, estão a dar pano para mangas na comunicação social. As esquerdas atacam a filmada operação policial, enquanto governo e município a aplaudem (e eu que ingenuamente pensava que não havia operações policiais de esquerda ou de direita). Um qualquer sindicato de polícia veio também defender a bondade daquela operação policial (e eu que ingenuamente pensava ser mister dos sindicatos apenas questões laborais).

Mas, enfim, de tudo quanto li, vi e ouvi nos media parece que a segurança de que aqui se trata é a chamada segurança pública, justamente aquela de que se ocupam as nossas forças policiais. De Portugal Sempre Seguro se apelidou a campanha governamental, dita para aumentar tal segurança. Pena é que tivesse sido coisa cingida à época pré-natalícia, tendo a extemporaneidade da operação Martim Moniz sido justificada por planeamento bastante anterior.

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Tenho, porém, para mim que a melhoria da segurança não deveria ser objecto de uma pontual e limitada campanha natalícia, mas antes estar sempre presente nas preocupações e comunicações governamentais. E durante todo o ano. E sim, é coisa que tem dignidade para primeiro ministro e em horário nobre.

Mas a segurança não se esgota na do país. Então e a segurança dos portugueses? Sim, é necessário não esquecer que os portugueses continuam a morrer, estupidamente e por conta própria, seja no trabalho, na estrada, em casa ou mesmo em lazer ou, melhor dizendo, por ausência de uma verdadeira CULTURA DE SEGURANÇA.

Normas, medidas e fiscalizações têm sido produzidas, e a vários níveis, o que, sendo tudo muito positivo, nem sempre se tem mostrado passível de inverter seriamente os nossos terríveis dados estatísticos, porquanto, na minha modesta opinião, o problema reside sobretudo no interior das nossas cabeças (autoridades incluídas) ou, passe a repetição, na ausência de uma verdadeira CULTURA DE SEGURANÇA.

Seria, sem dúvida, muito positivo para todos o desenvolvimento de um trabalho sério, orientado para a redução drástica, e rápida, das inúteis, e estúpidas, mortes por acidente em Portugal, bem com das diversas e trágicas invalidezes que também vão afectando inúmeros portugueses.

Quiçá que numa época em que se começam a perfilar diversos candidatos à presidência da república, também todos eles pudessem inscrever esta matéria nas suas agendas de campanha, normalmente com bastante cobertura mediática, no sentido de contribuir para a tão necessária cultura de segurança.

Quiçá também que em tais campanhas cada um se comprometesse a, se eleito, actuar como forte dinamizador de acções e comunicações a tal conducentes o que, além de desejável, é também possível, qual presidência aberta para todo o mandato, que fomentasse uma constante colaboração entre governo, demais autoridades e organizações com maior envolvimento nestas matérias, tanto públicas como privadas, posto que sem interferir na área executiva, antes pelo contrário, desta obtendo uma positiva e desejável cooperação.

Mesmo sabendo que esta dinâmica só poderá levar a bom porto se conduzida com convicção, atrevo-me a deixar aqui este apelo aos nossos candidatos presidenciais.

A segurança também tem custos. E pede investimentos. Todos sabemos as dificuldades orçamentais. Diz-me, porém, alguma experiência que, nesta matéria, actuar insistentemente e de modo organizado apenas ao nível do apelo à consciência individual do cidadão e das diversas organizações onde se insere, social ou profissionalmente, já terá como retorno uma primeira, e forte, redução dos níveis de sinistralidade, sem grandes custos ou investimentos.

A ponto de estar convicto que, querendo, qualquer presidenciável poderá inscrever na sua candidatura o objectivo de, em 5 anos, reduzir as mortes por acidente em Portugal em 25%, ou seja, numa média de 5 % em cada ano de presidência, estabelecendo e divulgando índices para tanto claramente mensuráveis. Isto praticamente sem necessidade de especiais verbas orçamentais.

Ademais, diz-nos também a experiência que momentos algo instáveis, como o que atravessamos, são propícios ao aumento da sinistralidade. Como nos diz que investir na segurança das pessoas será um factor positivo para contrariar algum pessimismo que parece estar a querer apoderar-se da nossa sociedade.

Das selfies não rezará a história, mas de vidas salvas já tudo seria diferente, a ponto de dizer e sem margem para dúvidas que, no termo do mandato, mesmo que a tal meta esteja apenas parcialmente conseguida, ainda assim só poderemos agradecer uma tal iniciativa e dizer: VALEU A PENA !





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