Cristãos sírios participaram numa missa de Natal esta terça-feira, pela primeira vez desde o afastamento do presidente Bashar al-Assad do poder. As celebrações cristãs, num país de crença esmagadoramente muçulmana, podem ser vistas como um teste às promessas dos rebeldes (liderados pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham, que já foi próxima da Al-Qaeda) de proteger e respeitar os direitos das minorias religiosas do país.
Segundo a Reuters, os bancos da Igreja da Senhora de Damasco, na capital da Síria, encheram-se de pessoas, jovens e idosos, que seguravam velas enquanto participavam na missa, com as vozes a ecoarem pelo espaço. A missa realizou-se, ainda que a igreja se encontrasse rodeada por vários veículos do Hayat Tahrir al-Sham — que não intervieram.
Horas antes, centenas de manifestantes reuniram-se na capital síria, Damasco, para denunciar um incidente em que uma árvore de Natal foi queimada na província de Hama, no centro-oeste da Síria. A 18 de dezembro já se tinha registado um outro incidente, quando homens armados abriram fogo contra uma igreja ortodoxa grega na cidade de Hama, entrando no complexo e tentando destruir uma cruz, e esmagando lápides num cemitério próximo.
Protestos na Síria após árvore de Natal ser queimada em cidade de maioria cristã
Apesar dos receios, que grassam em vários setores da sociedade síria, da instauração um regime ultraconservador por parte dos rebeldes, o líder do Hayat Tahrir al-Sham, Abu Mohammad al-Julani, disse aos cristãos e a outras minorias religiosas que ficarão seguros na Síria. Al-Julani é um muçulmano sunita que, no passado, já assumiu posições contrárias a esta, vendo os cristãos como infiéis. Agora, tem vindo a moderar o discurso desde que tomou o poder em Damasco.
A larga maioria da população síria é sunita, cerca de 70% do total. Cerca de 13% são muçulmanos xiitas, enquanto apenas 3% são cristãos — grupo onde se incluem os ortodoxos gregos, ortodoxos siríacos, maronitas, católicos sírios, católicos romanos e católicos gregos, e que tem vindo a encolher nos últimos anos.