Com caças F-35, Israel atacou, esta segunda-feira, o complexo da representação diplomática iraniana em Damasco, na capital da Síria. Sete pessoas morreram, todas elas pertencentes à Guarda Revolucionária iraniana, dois dos quais altos comandantes. Um deles foi Mohammad Reza Zahedi, líder dos serviços secretos militares (Quds Force) no Líbano e na Síria, enquanto o outro foi o seu número dois, Mohammad Hadi Haji Rahimi.
Segundo um comunicado do Ministério da Defesa da Síria, Damasco acusou Israel de levar a cabo uma “agressão” em “direção aos montes Golã” que tinha como objetivo atacar o complexo em que estavam integrados o consulado do Irão em Damasco, assim como a residência do embaixador. Os sistemas de defesa aéreos sírios conseguiram interceder alguns mísseis, mas não foi o suficiente para travar o ataque. “A agressão provocou a destruição total do edifício, causando mortos e feridos.”
O embaixador iraniano na Síria, Hossein Akbari, e a família não ficaram feridos na sequência do ataque. De acordo com o diplomata, Israel atacou a embaixada com o recurso a seis mísseis, revelando ainda que estava na embaixada (e não no consulado) no momento do ataque.
Publicamente, Israel nunca confirmou a autoria do ataque. O porta-voz do governo de Telavive apenas sinalizou que não “comenta” notícias veiculadas na imprensa estrangeira. Ainda assim, o New York Times conseguiu apurar, junto de quatro fontes israelitas sob condição de anonimato, que foi Israel que esteve por trás do ataque.
Em resposta a este ataque, o Irão prometeu uma retaliação “dura” contra um dos seus principais inimigos geopolíticos, podendo este episódio representar um aumento da escala na região. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Nasser Kanaan, assinalou que Teerão tem o direito de tomar “atitudes recíprocas” contra Israel, mas, até ao momento, ainda não decidiu o “tipo de resposta e punição que vai aplicar ao agressor”.
Por sua vez, o chefe da diplomacia iraniana, Hossein Amir Abdollahian, responsabilizou Israel e apontou diretamente o dedo ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Para o governante, o líder do executivo de Telavive “perdeu completamente a cabeça com os falhanços sucessivos do regime israelita em Gaza”.
Em termos internacionais, a Casa Branca está “a par” do sucedido na Síria. Por sua vez, o Hamas criticou a “escalada perigosa” que representa o ataque de Israel em Damas. O grupo islâmico condenou “nos termos mais fortes” a “agressão terrorista” israelita que levou à morte de “diplomatas e conselheiros iranianos”. “Consideramos uma violação flagrante do direito internacional, que afeta a soberania quer da Síria, quer do Irão.”
Segundo apurou o New York Times, o alvo de Israel era Mohammad Reza Zahedi. O homem de 63 anos era o atual responsável das secretas iranianas na Síria e no Líbano. Aliás, como apurou o canal israelita 12, era muito próximo de Hassan Nasrallah, secretário-geral do grupo xiita libanês pró-Irão Hezbollah. Neste sentido, terá sido um dos responsáveis por ajudar a planear vários ataques contra Israel.
Old photo of Mohammad Reza Zahedi with senior IRGC-QF and Hezbollah figures.
-Zahedi is circled in red. To his right is Hezbollah military commander Imad Mughniyeh. To his left is IRGC Gen. Ahmad Kazemi, then-IRGC QF commander Qassem Soleimani, Hezbollah Secretary-General Hassan… pic.twitter.com/cqGzaRHyr2
— David Daoud (@DavidADaoud) April 1, 2024
Antes de ingressar nas secretas, Mohammad Reza Zahedi foi comandante do exército e da força aérea nas Forças Armadas iranianas. Teve ainda um papel de destaque na guerra entre o Irão e o Iraque, nos anos 80.