À mesma hora em que Pinto da Costa dava uma entrevista à SIC e à SIC Notícias, André Villas-Boas, um dos outros dois candidatos à liderança do FC Porto, marcava encontro com adeptos e sócios dos azuis e brancos nos Açores, primeiro ponto de passagem de uma semana particularmente preenchida na agenda do antigo treinador e que tem esta terça-feira um dos pontos altos, com a apresentação do projeto da Academia dos dragões em Gaia em Lisboa por forma a simbolizar um clube que quer cada vez mais “nacional” e sem tanto peso como tem na zona do Porto, Aveiro e arredores. E assim como a entrevista de Pinto da Costa teve muito Villas-Boas omnipresente, também o encontro de Villas-Boas teve muito Pinto da Costa omnipresente.
“Apareceu uma candidatura, a arbitragem mudou”: Pinto da Costa sobre futebol, Villas-Boas, interesses obscuros e finanças do FC Porto
“Pinto da Costa disse que arbitragem mudou depois do aparecimento desta candidatura? Não vi a entrevista porque estive aqui com os associados do FC Porto relativamente ao futuro. O FC Porto pela primeira vez está a debate, a discussão, e a presença dele foi fundamental. Hoje foi um dia de partilha, das suas preocupações, da construção de um FC Porto melhor e acho que foi por isso que tivemos aqui casa cheia a debater o futuro do FC Porto e não a ver uma entrevista onde só se fala do passado. Se fazem sentido? Acho que não faz sentido para nenhum sócio do FC Porto. Mas os sócios terão a melhor palavra a dizer e dirão seguramente no dia 27 de abril”, apontou André Villas-Boas em Ponta Delgada, citado pelo jornal O Jogo.
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“Interesses obscuros da minha candidatura? Repare, os direitos televisivos serão centralizados a partir de 2028 e, se calhar, o presidente Pinto da Costa ainda não se apercebeu disso. Portanto, a centralização entra em vigor a partir de 2028, faltará decidir a chave de repartição, que é um momento importante onde todos os clubes devem discutir relativamente ao futuro. Penso que há aí alguma desatualização de informação relativamente a isso. De todas as formas, é mais uma declaração infeliz e que não corresponde à verdade. Se estou em rota de colisão com o presidente? Não, tenho é uma candidatura muito forte e naturalmente causa incómodo aos poderes instalados e aos interesses alheios ao FC Porto”, prosseguiu o ex-treinador.
“O 13 de novembro é triste mas acordou portistas para a realidade e pode levar clube para outra via”, destaca Villas-Boas
“Tenho construído esta candidatura de uma forma sólida e criteriosa nos últimos dois anos. Portanto, tenho sentido o apoio dos adeptos portistas cada vez mais forte, uma vontade de mudança cada vez mais forte. O FC Porto não pode continuar a ser o quintal que é para algumas pessoas. No fundo, traduziu-se nos últimos anos da gestão de Pinto da Costa. Há má gestão, erros e um clube refém de interesses alheios. É esse FC Porto com o qual nenhum associado se identifica e é por isso que esta candidatura é realmente forte, porque os associados têm que ser tratados com respeito e não com indiferença”, apontou ao adversário, antes de abordar também aquilo que se passou no Estoril, da derrota que deixou o FC Porto numa situação muito complicada para chegar ainda aos lugares de Champions à arbitragem e consequente reação dos dragões.
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“Toda a reconstrução e a sustentabilidade financeira do FC Porto é um projeto difícil e é por isso que quero estar rodeado dos melhores no campo financeiro e executivo. No Estoril, foi um momento triste porque o VAR existe para diminuir os erros e o que me pareceu evidente foi um erro grosseiro do VAR. Tudo isso poderia ou não ter influência no resultado final, porque faltaria muito jogo por jogar. A realidade é que naquele momento impediu o FC Porto de tomar vantagem no jogo e é um penálti por demais evidente que não traz credibilidade ao futebol português, tendo em conta o que tinha acontecido no dia anterior no Estádio da Luz. Há lances que suscitam dúvidas, há outros demasiado óbvios que custa entender e o futebol português precisa de ter credibilidade e é isso que falta neste momento, porque erros destes não estão a nível da arbitragem, da capacidade de arbitragem que há em Portugal. Se há essa capacidade, há que diminuir os erros e não serem tão evidentes como foram neste fim de semana”, sublinhou Villas-Boas.
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“Queixas dos sócios pelas dificuldades de votar? Todas estas pessoas passam por esforços financeiros tremendos para verem o seu clube de coração. Portanto, naturalmente demonstram alguma insatisfação por isso, por todo o esforço a que são sujeitos quando querem estar mais próximos do FC Porto e, neste caso, há alguns destes a exercer o seu direito de voto. Tudo isto passará também por uma possível discussão dos Estatutos do clube. A realidade é que a categoria de sócio correspondente não tem capacidade eleitoral perante os estatutos do FC Porto, o que afasta muitas pessoas que são sócios correspondentes, que é uma categoria que existe para sócios que estão a 150 quilómetros de distância da sua sede. Serão discussões a ser feitas em sede da Assembleia Geral, ou aprovadas em sede da Assembleia Geral”, concluiu.