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as quatro vítimas do naufrágio em Tróia – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Abr 8, 2024

O silêncio do café da esquina da Rua do Comércio é interrompido apenas pelo som da televisão e pelas reações dos poucos clientes que por lá almoçam às notícias. “Falam em dois mortos e um salvo. E os desaparecidos?”, questiona um, virando-se para os outros dois, cujos olhos também estão colados aos pequeno ecrã.

Amália Paulino, 65 anos, vai dividindo a atenção entre a máquina do café e as imagens das buscas pelos desaparecidos do naufrágio em Tróia que, este domingo, segundo as informações mais recentes, tirou a vida a uma criança e a um homem de 33 anos — e os desaparecidos, insiste-se por ali? Apesar de nunca ter privado muito com nenhum deles, Amália não consegue esconder a tristeza na voz ao falar da tragédia que caiu sobre a aldeia de Cadoços, no concelho de Grândola.

Troia. Um barco de pesca naufragou, uma criança e um homem morreram e dois estão ainda desaparecidos

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“Ainda não fui capaz de ver a mãe do Gabriel. Deve estar de rastos”, conta a funcionária ao Observador, referindo-se ao homem que foi resgatado já sem vida pela Polícia Marítima, poucas horas depois de o barco onde seguia se ter virado, após um golpe de mar. “Também sou mãe, e isto é um bocadinho nosso.

Naquela rua, na aldeia de Cadoços, no concelho de Grândola, o nome de Gabriel Caeiro é o que mais comoção provoca entre os vizinhos. Não apenas pelo alentejano morar a poucos metros, mas pela “vida que tinha pela frente”.

“Estava no início de vida. Tinha acabado de comprar uma casa, feito várias obras, tinha uma menina pequena… Não vai ser fácil”, lamenta uma vizinha, que preferiu manter o anonimato.

Desde novo, Gabriel habituou-se a ver os pais a trabalhar no campo. E, quando chegou a sua vez, também o homem decidiu enveredar pelo mundo da agricultura. Atualmente, trabalhava na Herdade dos Cadoços, juntamente com o irmão, José, que também seguia na embarcação e que é um dos dois desaparecidos.

Quando regressava do campo, Gabriel dedicava as restantes horas do dia à família — a mulher e a filha, que não terá mais de sete anos. “Quando ele saiu, na manhã de domingo, ela [filha] provavelmente não o viu. E agora nunca mais o vai ver…”, lamenta a vizinha da família, com as lágrimas a fugir por baixo de uns óculos escuros com que procura esconder a tristeza que sente por este momento que abala toda a comunidade alentejana.

Na manhã deste domingo, a pouco mais de três quilómetros de Tróia, um barco de pesca lúdica naufragou, levando todos os seus ocupantes — uma criança de 11 anos, o seu pai, de 45 anos, dois irmãos de 21 e de 33 anos e outro homem de 62 anos (o timoneiro) — fossem “cuspidos” para o mar.

Naufrágio em Troia. Criança e adulto resgatados sem vida, duas pessoas continuam desaparecidas

O acidente aconteceu ainda bem cedo — cerca das 7h da manhã —, mas só três horas depois a Polícia Marítima recebeu o alerta, quando uma outra embarcação resgatou o timoneiro. As buscas começaram de imediato, mas até ao momento só foram encontrados dois corpos: o de Francisco Neves, a criança de 11 anos, e o de Gabriel Caeiro.



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