Os glaciares dos Alpes perderam 10% do seu volume nos últimos dois anos, devido a uma baixa acumulação de gelo no inverno e a um forte degelo no verão, segundo o relatório “Estado do Clima Europeu 2022” divulgado esta segunda-feira, Dia da Terra.
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De acordo com o documento do serviço europeu Copernicus sobre alterações climáticas (C3S, na sigla em inglês) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM), desde meados do século XIX os glaciares de todo mundo têm vindo a perder volume e os Alpes europeus são uma das regiões que perde mais gelo.
“Em 2023, os glaciares de todas as regiões da Europa registaram uma perda líquida de gelo. Após uma perda recorde de gelo em 2022, este foi mais um ano excecional de perda nos Alpes, devido a uma acumulação no inverno abaixo da média e a um forte degelo no verão. Durante estes dois anos, os glaciares dos Alpes perderam cerca de 10 % do seu volume”, adianta o relatório.
O continente europeu é aquele que aquece mais rápido, com as temperaturas a aumentarem cerca do dobro da média global, realçam a OMM e o C3S, que também indicam que, desde a década de 1990, o Ártico tem vindo a aquecer “a um ritmo muito superior ao da média global“. Para as zonas terrestres do Ártico, 2023 foi o quinto ano mais quente de que há registo. Os cinco anos mais quentes em terras árticas ocorreram todos desde 2016. O arquipélago norueguês de Svalbard, no Ártico, é um dos locais que tem registado um aquecimento mais rápido no planeta.
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No ano passado, a temperatura média do verão foi a mais elevada de que há registo, devido, em parte, à formação de gelo marinho abaixo da média e às temperaturas da superfície do mar acima da média.
Verão de 2023 foi o mais quente desde que há registos
O relatório sustenta que na Gronelândia, por exemplo, as temperaturas abaixo da média em maio e junho atrasaram o início da época de fusão da camada de gelo, mas em julho e agosto ondas de calor provocaram um degelo estival substancial e uma perda anual de gelo superior à média. Também foi registada a temperatura média mais elevada de sempre da superfície do mar na Europa.
Em junho, a zona do Oceano Atlântico a oeste da Irlanda e em torno do Reino Unido assinalou uma onda de calor marítima classificada como “extrema” e, em algumas zonas, como “mais do que extrema”, com temperaturas à superfície do mar até 5ºC acima da média.
O documento refere ainda que a precipitação global na Europa foi cerca de 7% superior à média, tendo os caudais dos rios em dezembro sido os mais elevados desde que há registos. Em quase um quarto da rede fluvial, os caudais foram “excecionalmente elevados”.
Um terço da rede fluvial europeia registou caudais superiores ao limiar de inundação “elevado” e 16% excederam o limiar de inundação “grave”.