• Dom. Set 22nd, 2024

Há esperança na evolução do tratamento do cancro digestivo – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 1, 2023

O cancro digestivo engloba vários tipos de cancros, localizados nos órgãos do aparelho digestivo. Inclui tanto os do tubo digestivo – esófago, estômago, intestino delgado, cólon ou intestino grosso e ânus – como os das glândulas anexas – fígado, vias biliares e pâncreas. No seu conjunto, representa em Portugal cerca de 25% de todos os novos casos de cancro e constitui cerca de 35% das mortes por doença oncológica. A maioria ocorre entre os 60 e os 70 anos, mas observa-se um aumento significativo na população com menos de 50 anos.

Os tumores do cólon e reto e os do estômago são os mais frequentes em Portugal, existindo ainda uma tendência preocupante para o aumento do número de casos no pâncreas. Não é seguro afirmar que todos têm aumentado, mas nota-se um crescimento progressivo dos novos casos de cancro. Porém, a mortalidade por doença oncológica, em geral, tem vindo a estabilizar, contrariamente ao que se verificou nas últimas décadas.

A que se deve este crescimento? Existem, pelo menos, duas razões, a começar pelos hábitos de vida. O consumo de tabaco e de álcool em excesso, o sedentarismo, a obesidade e a alimentação não equilibrada – não respeitando a dieta mediterrânica, que continua a ser uma referência! – estão relacionados com o cancro digestivo, mas também com outras formas de doença, oncológica e não oncológica. Assim, a promoção de estilos de vida saudáveis constitui uma primeira e importantíssima forma de evitar o cancro.

Por outro lado, o progressivo aumento e avanço tecnológico, dos meios de diagnóstico e o maior e mais fácil acesso da população a cuidados médicos, nos últimos anos, tem permitido detetar uma quantidade maior de novos casos, mais atempadamente – e quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são as possibilidades de sucesso no tratamento.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Outra medida que se tem revelado eficaz, para combater o cancro e diminuir o número de mortes por doença oncológica, são a vigilância médica e os programas de rastreio oncológico, isto é, a realização de exames em pessoas saudáveis, com vista a um diagnóstico o mais precoce possível. Em Portugal, no caso específico do cancro digestivo, recomenda-se atualmente a realização de exames de rastreio para os tumores do cólon e reto em adultos com mais de 50 anos.

Sendo diagnosticada a doença, é fundamental iniciar, sem demoras, o tratamento. Os meios terapêuticos disponíveis têm evoluído significativamente, sobretudo nos últimos 10 ou 15 anos. De forma geral, o tratamento do cancro pode incluir três tipos de terapêuticas: a cirurgia, a radioterapia e a terapêutica medicamentosa. Para cada doente, define-se qual, ou quais, destas formas se adapta melhor ao caso específico.

A cirurgia tem, progressivamente, vindo a melhorar a técnica e a eficácia, possibilitando operações menos invasivas e mais precisas, com a cirurgia robótica a ser um bom exemplo disso mesmo. Isto, a par do conhecimento e da experiência acumulados nos centros médicos dedicados, permite obter melhores resultados, diminuir as eventuais sequelas e proporcionar um maior conforto no pós-operatório.

No que toca à radioterapia, a tecnologia disponível também tem vindo sempre a evoluir positivamente, proporcionando uma consequente melhoria dos resultados.

Na área do medicamento para a doença oncológica, o desenvolvimento tem sido notável e a tradicional quimioterapia já não é a única forma de tratamento: na verdade, em algumas doenças, já nem é utilizada. As terapêuticas alvo – dirigidas a alterações específicas a nível celular que se podem encontrar em alguns tipos de cancro – e a imunoterapia, com tratamentos que visam permitir um adequado reconhecimento, pelo sistema imunitário, das células tumorais, anulando o seu crescimento e multiplicação, vieram alterar o paradigma. Isoladamente ou em combinação, são hoje uma realidade no combate ao cancro, inclusive no cancro digestivo.

A prevenção e o diagnóstico precoce continuarão, contudo, a ser a chave para diminuir a incidência das doenças oncológicas, em Portugal, incluindo as do trato digestivo. Adotar um estilo de vida saudável e consultar regularmente o médico é fundamental, para evitar este tipo de cancros ou para assegurar o seu diagnóstico atempado e, consequentemente, o sucesso dos tratamentos.



Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *