Na introdução a Ideologias Políticas Contemporâneas, João Cardoso Rosas recorda como o pluralismo, primeiro religioso e depois político, se tornou um elemento central da época moderna:
“O constitucionalismo moderno, ao garantir as liberdades individuais, desde logo a liberdade de consciência e de religião, e ao escrevê-las numa lei fundamental, estabelece esse regime de tolerância e torna possível a convivência entre perspetivas religiosas diferentes ao longo do tempo. Mas a instituição desses regimes livres não podia deixar também de gerar o surgimento de perspetivas diferentes sobre o próprio Estado, a lei e a governação, ou seja, de diferentes ideologias políticas.”
Este aspeto foi especialmente explorado por Publius (pseudónimo utilizado por James Madison, Alexander Hamilton e John Jay) nos Federalist Papers: um quadro de liberdade conduz ao pluralismo e esse pluralismo tende a gerar confronto entre os diferentes projetos políticos (entre fações, para usar a expressão de Madison). Foi, aliás, o que aconteceu nas sociedades gregas e romana da Antiguidade, que eram continuamente agitadas “com a rápida sucessão de revoluções em consequência das quais eram mantidas num estado de perpétua vibração entre os extremos da tirania e da anarquia” (Hamilton, n.º 9).
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