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Habitação ou o preço das vistas curtas – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 2, 2023

A dolorosa experiência vivida com a troika ensinou-nos a valorizar a disciplina financeira no Estado, a valorizar o longo prazo financeiro. Aprendemos que os défices de hoje se pagam amanhã e o preço pode ser, como foi, muito elevado. Mas aquela “austeridade” não nos ensinou que os governos podem fazer truques. E assim fomos enganados e levados a acreditar, como acreditámos, que há milagres, que é possível dar mais dinheiro a todos sem sacrificar nada. A troika não nos ensinou que as vistas curtas populistas na governação também acontecem nas políticas públicas. Aquilo que hoje enfrentamos na habitação, mas também na educação, na saúde e na justiça é a consequência de se ter governado, desde 2015, para o dia seguinte enquanto se distribuía benesses por todos.

Pouco mais do que zero, foi aquilo que se fez pela oferta de habitação para a classe média desde 2015. Muito mais do que zero foi o que se fez para manter elevada a procura de habitação pelos muito ricos e muito pobres, todos eles imigrantes. Neste momento a classe média que procura a sua primeira casa está entre a espada e a parede. De um lado estão os imigrantes ricos conhecidos como não residentes que fogem ao fisco do seu país e do outro os imigrantes pobres, uns e outros a pressionarem os preços das casas de forma diferente. Finalmente António Costa anunciou que vai acabar com este regime. “Não faz sentido continuar a manter uma taxação para os residentes não habituais”, afirmou na entrevista à TVI. Vale mais tarde do que nunca, embora tenhamos de esperar para ver em que termos isso vai acontecer. Até porque os únicos que que precisam de ser protegidos são os imigrantes pobres.

Os imigrantes ricos ou, mais na moda, os nómadas digitais, a quem o governo português tem oferecido um bom desconto no IRS, que não nos dá a nós simples portugueses, invadem os bairros, ou lugares à volta de Lisboa mais icónicos e, claro, fazem disparar os preços. Os poucos construtores que existem e sobreviveram à crise de 2011 estão obviamente orientados para satisfazer a procura desta classe de estrangeiros com dinheiro. E as casas em segunda mão que chegam ao mercado, ou as de arrendamento, procuram obviamente este novo “el dorado”.

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