Londres — Os chimpanzés na natureza usam plantas medicinais para tratar seus ferimentos ou doenças, de acordo com um estudo da Universidade de Oxford, que os pesquisadores dizem ser a análise mais aprofundada até o momento.
Os cientistas monitorizaram 51 chimpanzés de duas comunidades na Reserva Florestal Central de Budongo, no Uganda, para ver como se comportavam quando estavam saudáveis e quando não estavam. Os grupos de chimpanzés já estavam acostumados com a presença de humanos.
Os cientistas observaram animais doentes ou feridos comendo certos vegetais que não faziam parte de sua dieta normal. Eles coletaram amostras dessas plantas para testar as propriedades farmacológicas.
Analistas da Universidade de Ciências Aplicadas de Neubrandenburg, na Alemanha, examinaram as amostras e descobriram que 88% delas inibiam o crescimento bacteriano e 33% tinham propriedades anti-inflamatórias.
Dra. Elodie Freymann/Universidade de Oxford/PLOS ONE
Um chimpanzé com a mão machucada foi observado procurando e comendo folhas de uma samambaia que apresentava potenciais efeitos antiinflamatórios. Os cientistas concluíram que isso pode ter ajudado a reduzir a dor e o inchaço.
Outro chimpanzé com uma infecção parasitária foi visto consumindo a casca de uma árvore espinhosa de gato, que outros membros de seu grupo nunca haviam sido observados comendo antes. Os testes mostraram que a casca tem propriedades antimicrobianas e antiinflamatórias.
“Para estudar a automedicação de chimpanzés selvagens, você tem que agir como um detetive – reunindo evidências multidisciplinares para montar um caso”, disse a principal autora do estudo, Dra. Elodie Freymann, da Escola de Antropologia e Etnografia de Museus da Universidade de Oxford. “Depois de passar meses em campo coletando pistas comportamentais que nos levaram a espécies específicas de plantas, foi emocionante analisar os resultados farmacológicos e descobrir que muitas dessas plantas exibiam altos níveis de bioatividade”.
Os autores do estudo observaram que, com as doenças inflamatórias crónicas e as bactérias resistentes aos antibióticos a tornarem-se desafios globais cada vez mais urgentes para os seres humanos, as plantas medicinais utilizadas pelos chimpanzés poderiam ajudar no desenvolvimento de novos medicamentos valiosos.