Paris:
Milhares de pessoas compareceram à França no domingo para manifestações feministas contra a extrema direita, que deverá sair vitoriosa nas eleições antecipadas de 30 de junho, enquanto os partidos tentavam reforçar o apoio ainda faltam alguns dias.
Com a votação de extrema direita do National Rally (RN) em torno de 35 por cento, “temos que lembrar às pessoas que foram elas que falaram sobre ‘abortos de conforto’, que estão sempre atacando os serviços de planejamento familiar”, disse Morgane Legras, uma engenheira nuclear e ativista feminista participando da marcha de milhares de pessoas em Paris.
Manifestantes vestidos de violeta marcharam da praça Place de la Republique, no centro de Paris, até a Place de la Nation, no leste, carregando cartazes com mensagens como “Empurrem para trás a extrema direita, não os nossos direitos”.
Outros comícios ocorreram em cerca de 50 outras cidades, como Toulouse.
O sistema eleitoral francês de duas voltas torna difícil prever qual partido poderá finalmente reivindicar a maioria na câmara baixa do parlamento, entregando-lhes o cargo de primeiro-ministro, que é o segundo no poder, atrás do presidente Emmanuel Macron.
Desde que Macron dissolveu o parlamento após uma derrota eleitoral para o Parlamento Europeu, os seus centristas estão muito atrás do RN, bem como de uma aliança de esquerda reformada chamada Nova Frente Popular (NFP) nas pesquisas sobre intenções de voto.
O RN obteve níveis de apoio sem precedentes após um esforço de “desdemonização” de décadas para distanciar a sua imagem das suas raízes, incluindo um co-fundador que era membro do grupo paramilitar nazi Waffen-SS.
Mas o cerne da sua mensagem continua a ser a hostilidade à imigração, ao Islão e à União Europeia.
O legislador sênior do RN, Sebastien Chenu, gesticulou para os eleitores muçulmanos e judeus no domingo, prometendo não proibir o abate ritual de gado para produzir carne halal ou kosher.
“Todos poderão continuar comendo carne kosher se quiserem”, disse Chenu à emissora judaica Radio J.
Ele acrescentou que uma política histórica de extrema direita de proibir o kippa em espaços públicos – seguindo os passos de uma lei existente que proíbe o uso da burca de corpo inteiro por algumas mulheres muçulmanas – não estava no topo da agenda do RN, dizendo que a sua prioridade era para combater “a ameaça islâmica”.
‘Faça melhor’
No lado de Macron, o primeiro-ministro Gabriel Attal reconheceu que o resultado do Parlamento Europeu – onde obtiveram apenas 14 por cento – foi “uma mensagem para nós de que temos de fazer melhor com os nossos métodos, com a nossa governação” do país.
Se o seu partido desafiar as probabilidades de chegar ao topo nas eleições legislativas, ele prometeu “mudança”, incluindo uma mudança para “procurar coligações com o público francês, com a sociedade civil” numa entrevista à emissora RTL.
A aliança de Macron abrir-se-ia a “todos os que queiram vir, desde a direita conservadora até à esquerda social-democrata”, disse o antigo primeiro-ministro de Macron, Edouard Philippe, à emissora France 3.
Attal também insistiu no mantra dos centristas sobre as ameaças dos “extremos” da esquerda e da direita, dizendo que ambos prometiam uma “confusão fiscal… um triturador para as classes médias”.
Especialmente o RN “não está pronto para governar… é um partido da oposição, não um partido do governo”, disse Attal.
Num sinal de inquietação no exterior sobre a aposta de Macron nas sondagens, o chanceler alemão Olaf Scholz disse à emissora pública ARD no domingo que estava “preocupado com as eleições em França”, embora “cabe ao povo francês decidir”.
‘Cale-se’
A aliança de esquerda NFP continuou a mostrar tensões no domingo, depois de as partes reatarem apressadamente os laços rompidos devido às diferentes respostas ao ataque do Hamas a Israel em 7 de Outubro e à retaliação em curso das forças israelitas em Gaza.
As divisões estão particularmente acirradas sobre se o seu candidato a primeiro-ministro deveria ser Jean-Luc Mélenchon, líder do France Unbowed (LFI) – o maior partido do grupo, alguns dos quais foram acusados de anti-semitismo.
Mélenchon deveria “calar a boca”, disse no domingo o ex-presidente socialista François Hollande, já que “as pessoas o rejeitam com mais veemência” do que os líderes do RN, Marine Le Pen e Jordan Bardella.
“Queremos que a esquerda vença ou queremos alimentar o conflito?” ele disse.
Mélenchon disse no sábado que pretendia “governar o país”.
“Nunca abrirei mão da honra de ser alvo” de ataques, disse Mélenchon em um comício na cidade de Montpellier, no sul, no domingo.
(Exceto a manchete, esta história não foi editada pela equipe da NDTV e é publicada a partir de um feed distribuído.)