“American Psycho” é sobre um homem mau que despreza o mundo e, mesmo assim, quer fazer parte dele e de todo o seu materialismo superficial. Bateman se prepara obsessivamente, segue todas as tendências que seus colegas de trabalho seguem e ouve a música mais anódina que pode. Quando sua noiva, Evelyn (Reese Witherspoon), pergunta por que ele não larga o emprego que odeia, ele responde: “Porque eu quero caber!”
“Hit Man” é sobre um homem que se adapta tão bem que ninguém o nota. Patrick Bateman é um psicopata que tenta e não consegue ser normal, enquanto Gary Johnson é um homem normal que interpreta um psicopata – às vezes um americano. É uma comparação reveladora não apenas porque “Hit Man” invoca “American Psycho”, mas porque o filme é realmente sobre atuar.
Gary passa a maior parte do filme fingindo ser outra pessoa – como Powell está fazendo para interpretá-lo. Ele pesquisa seus “papéis” (perseguindo as redes sociais de seus alvos) e cada vez usa uma fantasia única. Depois que Madison assassina seu marido, Gary (como seu namorado assassino, Ron) “dirige” uma cena em que os dois discutem, dando-lhe instruções por mensagem de texto em seu telefone, porque sabe que seus colegas policiais estão ouvindo por uma escuta. Gary e Madison sabem que precisam convencer seu público da mesma forma que Linklater, Powell e Arjona fazem o deles.
Grande parte do burburinho positivo sobre “Hit Man” tem sido sobre Glen Powell provando que ele é uma estrela de cinema – nenhuma surpresa, porque o filme quer que você perceba seu talento de atuação. (Powell co-escreveu o roteiro de “Hit Man” com Linklater.) Como Britt Hayes observa em seu excelente ensaio sobre “Hit Man” no The Mary Sue, “Hit Man” muitas vezes parece um rolo para Powell, tentando conquistar o público com a prova de que ele tem alcance além de seu carisma e rosto bonito. O que “American Psycho” fez pela reputação de Christian Bale, Powell quer que “Hit Man” faça por ele.