No sábado, três deputados do Chega tentaram participar na manifestação, em Lisboa, sobre o tema da Habitação. Digo que tentaram porque a sua presença foi mal recebida, de tal modo que outros manifestantes agrediram os deputados, física e verbalmente. A violência escalou, ao ponto de os deputados terem de abandonar a manifestação sob escolta policial.
Participar numa manifestação legalmente organizada é um acto livre de cidadania, um direito que a ninguém pode ser retirado. Isso é válido para qualquer indivíduo, e não pode deixar de o ser para um deputado eleito — que não só participa enquanto cidadão, como foi eleito para representar outros cidadãos. Por isso, há que reafirmar o que deveria ser óbvio: é intolerável exercer-se qualquer forma de intimidação para diminuir direitos de cidadania.
Ao Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, exige-se imparcialidade no tratamento dos vários deputados e a defesa da instituição parlamentar. Só pode ser visto como uma falha grave que Augusto Santos Silva não tenha inequivocamente condenado a violência contra os deputados do Chega. Ainda mais quando utiliza os seus canais de comunicação para criticar outras situações de violência e intimidação políticas. Só nos últimos dias, fê-lo acerca de um lançamento de livro interrompido e acerca de um protesto de activistas climáticos que fizeram alvo de um ministro. Tinha o dever de o fazer também quanto às agressões aos deputados do Chega.
Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.