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“Tudo é Rio” e os 14 anos de bloqueio que guardaram a obra da escritora mais lida do Brasil – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 7, 2023

Entre as malas por fazer para a viagem a Portugal, assuntos para tratar na sua agência publicitária, recados para deixar aos filhos e mil outras coisas por resolver, há um momento em que não consegue mais: tem de largar tudo como está, a meio. Senta-se a olhar para o computador e deixa-se levar para o universo que neste momento a consome, o quarto livro.

É assim que encontramos Carla Madeira, ainda com as pontas dos dedos a ferver e a cabeça entre as ideias que têm urgência de saltar para a página, quando fazemos a chamada via Zoom, entre Lisboa e Belo Horizonte, Brasil. É, há dois anos consecutivos, a escritora mais lida do Brasil e agora também um fenómeno em Portugal. Tudo é Rio foi editado em março deste ano pela Particular e vai já na quarta edição. Seguiram-se, em agosto, A Natureza da Mordida e Véspera. E depois deste terceiro livro, a autora tinha uma certeza: “Não quero voltar a escrever tão cedo”. E “tão cedo” equivalia a uns largos anos. Porém, uma sucessão de perdas de pessoas muito próximas fê-la perceber que era ali, no meio das palavras, que se sentia segura.

Aos 59 anos, continua sem estar convencida de que domina a arte da escrita — os mais de 400 mil exemplares vendidos no Brasil dizem o oposto —, mas é um exercício que faz, em primeiro lugar, porque lhe dá muito prazer. A quinta de seis irmãos, estudou Matemática, como todos lá em casa, e foi feliz. Até não ser. Rapidamente trocou o curso por Comunicação. Criou uma agência publicitária, a Lápis Raro, e foi feliz. Até não ser. Começou então a observar, a ouvir e a escrever, inventou três Marias que a transportaram para um texto pequeno, que foi ficando grande, que foi ganhando ligação com outras personagens. Sem ser propositado, começava assim a nascer Tudo é Rio, o livro mais conhecido da Carla Madeira. No entanto, quando escreveu uma cena violenta e traumática, inexperiente na escrita e na vida, bloqueou. Foram precisos 14 anos até que voltasse a pegar na história, que só viria a ser publicada em 2014 com uns tímidos 700 exemplares. “Era uma experiência”, explica ao Observador.

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