Kripke não elaborou muito sobre o porquê dessa cena ter funcionado tão bem para ele, mas é fácil de entender: é horripilante. Há algo singularmente de revirar o estômago em assistir os passageiros perceberem que seu herói os está abandonando para a morte, que eles provavelmente estariam mais seguros com os sequestradores. Homelander se apresenta como um deus, e aqui os passageiros percebem que seu deus não se importa com eles.
É também uma subversão brilhante de uma cena que vemos constantemente na mídia de super-heróis. O Homem-Aranha quase se matou tentando parar aquele trem em “Homem-Aranha 2”, mas Homelander dá uma olhada na situação e pensa, “Eh, não vale o esforço.” Primeiro, ele alega que pegar o avião seria impossível, então ele se recusa a até mesmo levar alguns passageiros para um lugar seguro. Acontece que Homelander se importa com sua imagem acima de tudo; não importa quantos inocentes ele tenha que sacrificar para mantê-la.
A cena também é o momento que configura o arco de redenção de Maeve. No começo, ela é apresentada como distante e apática, alguém que passivamente concorda com todas as bobagens de Vought e Homelander. Mas a cena do avião é tão perturbadora que a tira de sua complacência; quando ela está assistindo Homelander distorcer a tragédia para as ambições militares de Vought, ela percebeu completamente que sua estratégia de enfrentamento atual não será suficiente para fazê-la passar os dias. É o começo de um dos arcos de personagens mais satisfatórios de toda a série até agorae tudo remonta a esse momento. “The Boys” pode ter tido um começo forte, mas foi aqui que muitas de suas melhores qualidades começaram a tomar forma.