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Stormzy mostrou como é ser rei (e os Mind Da Gap mereciam outra festa) – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Jul 21, 2024

A verdade é que, perante muitos ou poucos, os três fariam sempre a festa, e foi assim que começaram com Mestres sem Cerimónias. Os Mind da Gap não precisam de Falsos Amigos, tema com que seguiram, e por isso valeu-lhes o público que ainda sabia as letras de cor de Bazamos ou Ficamos, Dedicatória, carta de amor ao hip-hop que contou com um bonito momento acapella, ou O Jardim, canção com 12 anos mas que ainda se mantém atual quanto aos desvarios deste país.

O regresso demonstrou estarem em boa forma, mas há momentos onde os Mind da Gap revelam a sua idade — veja-se como Essência, um dos temas cantados com Maze, dos Dealema, apresenta um estilo de rap cristalizado, prova de que o género muito avançou. O grupo, contudo, tem plena noção disso. “Stressados por ver estes gigantes grandiosos dinossauros do hip-hop tuga? Não fiquem, não é preciso”, disse Ace antes de Não Stresses.

Uma festa precisa sempre de convidados, daí que, além de Maze — que também cantou Brilhantes Diamantes, tema de fervor nostálgico para muito millennial português — outros dois gigantes subiram ao palco: Valete, em Não Pára, e Sam the Kid, em És Onde Quero Estar. Esta segunda, em particular, destacou-se pela envolvência criada com o público, tal como a derradeira Todos Gordos. O bonito momento de celebração do rap nacional com os concertos de Papillon e Slow J no dia anterior teria sido ainda mais abrilhantado com este, que ficou meio órfão no cartaz deste sábado. Como andar para trás no tempo (ainda) não é possível, esperamos apenas que os Mind da Gap anunciem datas em nome próprio para uma celebração a valer.

O que é que tem vários elementos virtuosos a trocar posições entre si para garantir o sucesso do todo? Se respondeu “as equipas de futebol do Johan Cruyff”, recebe pontos também, mas a resposta certa era Vulfpeck — nome que tanto pode significar uma forma germânica de dizer “Wolfpack” (Alcateia) ou “Wolf Peck” (Beijinho de Lobo). Banda funk da nova escola, o corrupio de trocas que promove entre guitarra, teclados, órgão, bateria, saxofone e voz nos seus concertos é tal que faria um computador de última geração engasgar-se.

Se for procurar pelos Vulfpeck online, constatará que a banda de Ann Arbor não tem grande imprensa, em contraste com as audições dos seus temas nas plataformas de streaming. O facto de fazerem parte de um circuito que não atrai mediatismo, não terem um contrato discográfico nem um manager (é o baterista, Jack Stratton, que assume essa função) e não levarem-se muito a sério (basta recordar o nome) são tudo fatores que contribuem para tal. No entanto, se caísse de paraquedas nas filas da frente do concerto que deram no Super Bock Super Rock, não seria estranho supor que são uma banda gigante, tal foi a loucura dos seus fãs a cantar Daddy, He Got a Tesla ou Animal Spirits.



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