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como o jogo de Israel se transformou numa war zone – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Jul 25, 2024

Enviado especial do Observador em Paris, França

As entradas retardadas para os 12 encontros inaugurais do quadro masculino do râguebi de sevens no Stade de France tinham sido um bom retrato de como a segurança está acima de tudo nesta edição dos Jogos de Paris. Um exemplo prático: quando faltava apenas 1h15 para o jogo inaugural entre Austrália e Samoa, numa altura onde havia filas com centenas de pessoas para acederem ao recinto, focámos apenas numa das muitas portas para perceber que existiam dez seguranças de colete amarelo, mais outros tantos apenas com um polo preto (todos de luvas pretas para fazerem as revistas), mais um supervisor de colete laranja mais dois polícias do Corpo de intervenção. Isto apenas e só numa porta, sendo que até polícia a cavalo marcava presença num dispositivo com várias ruas cortadas até aos acessos pedonais ao recinto e dezenas e dezenas de efetivos policiais espalhados (quase tantos como voluntários). Muito mesmo. Nada perante o que iríamos ver.

O caminho entre o Stade de France e o Parque dos Príncipes não é a coisa mais fácil em hora de ponta entre as trocas de comboios (neste caso, mais rápidos do que utilizar o Metro) mas quando se arrisca seguir todas as indicações sem verificar distâncias acaba-se a andar mais dois quilómetros até ao palco que umas horas antes tinha recebido a vitória da Espanha frente ao Usbequistão. Os pés chateiam-se, o corpo ressente-se, os olhos e os ouvidos cruzam-se com uma panóplia de histórias e de nacionalidades num caminho que é acima de tudo intuitivo até à “casa” de Nuno Mendes, Danilo Pereira, Vitinha e Gonçalo Ramos (e ao que parece de João Neves em breve). Há camisolas de Espanha, várias mesmo, umas quantas bandeiras usbeques, muitos adereços de Paris-2024. Caminho certo. Ali era quase a zona neutra até uma espécie de war zone.

A maneira como a primeira barreira de polícias que pareciam ter sido escolhidos a dedo para terem acima de 1,80 metros, já com inúmeras zonas de bloqueio à passagem de viaturas, fazia a revista a todos os que iam aceder ao estádio era de tal forma que quase nos obrigou a parar para ter a mochila toda pronta para revista. Afinal, não foi necessário – coisas boas de ter uma acreditação de jornalista ao pescoço. No entanto, logo ao virar da esquina, o cenário adensava-se com polícias atrás de polícias e uma fila de várias viaturas incluindo Corpo de Intervenção para resposta mais rápida. O aparato era tanto, com helicópteros a sobrevoarem todo o espaço aéreo a ajudar na pintura do cenário, que o facto de venderem copos de cerveja de 40ml a nove euros (e sem fatura) quase passava ao lado. Um pouco mais à frente, perto da loja do PSG, a explicação.

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A segurança de Paris queria fazer um verdadeiro statement em relação a este momento. É certo que, mais à frente, e pela primeira vez nestes Jogos, vimos a credencial ser passada no scan por segurança especial num estilo fato escuro, gravata, acreditação de cor diferente, auricular no ouvido e olhos para qualquer pormenor que pudesse parecer suspeito. Era isso que estava gizado, ninguém se “safava”: quando nos aproximámos de uma zona onde estavam em formatura elementos que incluíam até a unidade anti-terrorista com golas a tapar tudo menos os olhos e vários repórteres fotográficos e câmaras, fomos de imediato abordados por um polícia. “Quem és? O que estás aqui a fazer?”. O tom era brusco, o tom mudou – o casaco que sem qualquer necessidade levámos para uma noite que estava tudo menos fria estava a tapar a acreditação.





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