Dias depois de o Observador ter revelado que a Unidade Local de Saúde (ULS) de Santa Maria tinha anunciado internamente que iria instaurar processos judiciais contra utentes ou outros cidadãos que criticassem nas redes sociais e de forma ofensiva a instituição e os seus profissionais, Carlos Martins, presidente do conselho de administração desta ULS, estará arrependido de tal medida e terá reconhecido que a implementação da mesma não fará sentido.
À Rádio Observador, o antigo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes esclarece que foi isso que Carlos Martins lhe transmitiu: “Fui talvez das primeiras pessoas que lhe ligou e ele reconheceu que é uma medida sem nenhum tipo de sentido”. “Perguntei-lhe o que era aquilo e apercebi-me que ele próprio tinha dado conta de que tinha ido longe demais”, acrescentou o ex-ministro.
Adalberto Campos Fernandes referiu ainda que Carlos Martins “terá ficado surpreendido pelas consequências públicas que não tinha antecipado”, referindo-se ao requerimento feito esta quinta-feira pela Iniciativa Liberal para ouvir o presidente do conselho de administração da ULS de Santa Maria na Assembleia da República com caráter de urgência.
O Observador questionou o conselho de administração da ULS de Santa Maria para saber se pondera reverter esta medida, mas não obteve qualquer resposta até à publicação deste artigo.
Santa Maria ameaça com processos utentes que façam críticas ofensivas ao hospital nas redes sociais
Ainda em declarações à Rádio Observador, o antigo responsável pela pasta da Saúde considerou que a intenção de instaurar processos judiciais a quem criticar os hospitais e os respetivos profissionais “não faz nenhum sentido” e que “é, de facto, uma coisa que não lembra a ninguém”. “Ele ou o hospital terá feito isto na sua boa fé, motivado pelo instinto de proteção do bom nome dos profissionais”, considerou.
Tal como avançou o Observador, a ULS de Santa Maria pretende instaurar processos judiciais a quem critique de forma ofensiva profissionais nas redes sociais, tendo Carlos Martins admitido na terça-feira ao Observador que “não é de todo admissível que se coloque nas redes sociais o nome do médico, de um enfermeiro ou do serviço, com as críticas que são estados de espírito, mas que acabam por denegrir a imagem dos profissionais ou da instituição”.
Iniciativa Liberal quer ouvir o presidente do Hospital de Santa Maria com caráter de urgência devido a ameaça de processos a utentes
“Quando se avalia a qualidade técnica, o desempenho ou o resultado de uma consulta ou de uma cirurgia em praça pública, isso não é de todo correto”, acrescentou o presidente do conselho de administração da ULS de Santa Maria.