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ataque de adeptos do Marselha ao autocarro do Lyon fere treinador, cancela jogo e deixa França em choque – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 30, 2023

Era o jogo da jornada. Tinha havido o triunfo ” a ferros” do PSG frente ao Brest no sábado e a vitória do Lille de Paulo Fonseca diante do Mónaco na tarde de domingo, mas as atenções estavam centradas no sul do país onde dois dos clubes com mais história e em momentos menos positivos jogavam a importante possibilidade de redenção na Ligue 1 e perante os adeptos. De um lado estava o Marselha, agora comandado por Gennaro Gattuso depois do bater de porta de Marcelino Toral, que há um mês jogava pela liderança da prova e agora estava numa série com uma vitória em seis jogos; do outro o outrora todo poderoso Lyon, liderado há um mês por Fabio Grosso e último classificado do Campeonato sem triunfos e apenas três pontos em nove jogos.

Esta segunda-feira, as capas dos jornais desportivos franceses deveriam ter a euforia da festa dos golos, um momento que tivesse definido o clássico ou a tristeza de quem perdeu e viu a situação ficar ainda mais difícil. Ao invés, o L’Équipe colocava uma imagem de Grosso com cortes na cara, ensanguentado, de olhos fechado com a expressão de que tudo não passasse de um pesadelo e duas palavras: “O nojo e a vergonha”.

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O bárbaro ataque de elementos radicais da claque do Marselha ao autocarro do Lyon à chegada ao Estádio Vélodrome deixou o técnico ferido e os restantes elementos em choque. O jogo foi logo adiado.

Durante a semana, o foco das atenções esteve muito centrado no Lyon e no mau ambiente interno que vivia, adensado pelas notícias de que os jogadores consideravam Fabio Grosso como “o pior treinador que alguma vez já tiveram”. O italiano, primeiro transalpino a jogar no clube que regressou agora como técnico, quis lançar uma caça ao “bufo”  mas relativizava a situação no discurso para fora. “Sei o que as pessoas que trabalham comigo pensam de mim, também sei que trabalho com muita paixão. Conversámos com os jogadores mas para mim o balneário é sagrado, as coisas não devem sair de lá”, apontou Fabio Grosso, que tinha somente um foco: “Deixámos isso para trás, tentámos esquecer e só falámos do jogo e da vitória”.

Havia uma outra “novidade” que reforçava essa ambição do primeiro triunfo na Ligue 1. Após a proibição dos adeptos visitantes nos encontros entre Marselha e Lyon, na sequência de incidentes entre radicais dos dois conjuntos, uma reunião entre a polícia, as autoridades do Ródano e representantes dos clubes permitiu um aumento de 200 para 600 adeptos visitantes em relação a 2022/23, sendo que todos os bilhetes esgotaram num ápice. Nessa parte do controlo das bancadas, não houve registo de grandes episódios. No entanto, e no perímetro de segurança, nem tudo correu bem. Longe disso. E os autocarros que transportavam jogadores, equipa técnica e staff do Lyon para o encontro caiu quase numa emboscada sem proteção.

Dezenas de adeptos visitados atiraram pedras, tochas, garrafas e latas de cerveja às viaturas do Lyon, sendo que Fabio Grosso acabou por ser a face mais visível desse ataque pelas feridas. Quando o autocarro chegou à garagem do Vélodrome, perante a indignação de todos os elementos da equipa, o técnico foi transportado ao gabinete médico, de onde saiu com uma ligadura e um penso na zona do olho esquerdo entre muito sangue, seguindo depois para o hospital. Além de ser suturado com dez pontos, os médicos retiraram vários pedaços de vidro que ficaram na cara do treinador e fizeram exames perante as tonturas que Grosso sentia. Mais tarde, o italiano regressou ao estádio e foi com os jogadores agradecer aos adeptos que ainda estavam no interior do recinto mesmo depois do anúncio do adiamento do encontro por decisão da Liga.

“Ele não conseguia manter uma conversa, tinha estilhaços de vidro no rosto. Estou muito indignado. Os nossos jogadores, o nosso treinador prepararam-se para esta noite e os adeptos queriam ver o jogo disputado. Não pedi para haver um cancelamento. A Liga avisou-nos que ia falar com a equipa. A nossa equipa, o nosso capitão, que foi incrível no balneário, queria jogar, estávamos prontos para jogar. A decisão não cabia a nós porque aconteceu fora do estádio. Não é assim que o futebol deve ser jogado. Apoiamos a decisão do árbitro”, comentou John Textor, proprietário do Lyon, explicando o estado de Fabio Grosso. O clube vai também apresentar queixa do Marselha. “Foi dado um novo passo para algo pior. Este tipo de situações repete-se todos os anos em Marselha e as autoridades devem tomar consciência da gravidade e da repetição deste tipo de incidente antes que ocorra uma tragédia ainda mais grave”, salientou em comunicado.

“As imagens dos autocarros apedrejados, bem como do rosto ensanguentado do treinador Fabio Grosso, são aterradoras. Estes atos inaceitáveis são a negação dos próprios valores do futebol e do desporto e os seus autores têm de ser encontrados e severamente punidos. Os primeiros sete suspeitos já foram detidos. Estes atos de estupidez e de ódio, que nada têm a ver com o desporto, devem ser erradicados com a maior determinação pelo coletivo de todos os atores, públicos e privados, que amam verdadeiramente o desporto e devem unir-se mais firmemente do que nunca para o defender”, comentou Amélie Oudéa-Castéra, ministra do Desporto de França, na noite deste domingo, entre outras explicações sobre a investigação.





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