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Os ex-amigos tóxicos, as influências ‘simplex’ e o novo horizonte político. A declaração de Costa nas entrelinhas – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 12, 2023

António Costa entrou por uma porta, na mesma sala onde quatro dias antes tinha anunciado a sua demissão de primeiro-ministro, e pela porta do fundo entrou a sua mulher. Fernanda Tadeu sentou-se no chão, junto dos fotojornalistas e perto do púlpito onde o primeiro-ministro surgiu com três objetivos debatidos e estudados com a sua equipa em São Bento desde manhã: tentar aplacar a onda de choque junto de reais e potenciais investidores estrangeiros no país; dizer ao seu sucessor que as leis não podem paralisar as decisões políticas (numa crítica clara ao Ministério Público e na defesa das decisões políticas do seu Governo nos processos em causa); cortar radicalmente com amizades e proximidades problemáticas. Uma coreografia e estratégia pouco compaginável com a afirmação que fez sobre o fim da sua carreira política — e que também deixou pelo meio da declaração.

A comunicação foi marcada ao final da manhã para a hora dos noticiários generalistas, oito da noite, e o primeiro-ministro demissionário surgiu a dedicar a parte inicial da intervenção a explicar as decisões políticas em processos como o do centro de dados de Sines e a exploração do lítio nas minas de Montalegre e Boticas. Foram os dois exemplos em que pegou — e que estão no centro dos processo judiciais que envolvem governantes, ex-governantes, autarcas, amigos e conselheiros seus –, para defender que os políticos não se devem “colocar numa posição de paralisia ou de medo” perante os processos judiciais. Não disse por estas palavras, mas foi isso mesmo que acabou por transmitir, mesmo que tenha jurado não estar a querer interferir na investigação judicial que envolve o seu Governo:

Somos um Estado de Direito onde a lei se cumpre, mas onde criamos condições para atrair e acolher o investimento e dizer aos diferentes organismos da administração que não é o facto de haver lei, de estarmos todos obrigados ao estrito cumprimento da lei que isso nos deve colocar na situação da paralisia, do medo de violar a lei. Teremos de cumprir a lei, mas saber que a lei mão se cumpre na paralisa da decisão mas no rigor da decisão”.

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