Nações Unidas:
Líderes mundiais se reuniram nas Nações Unidas na terça-feira para pedir que Israel se abstenha de uma guerra em larga escala no Líbano, com o chefe da organização alertando que a situação estava “à beira do precipício”.
A Assembleia Geral da ONU, o ponto alto do calendário diplomático internacional, acontece depois que autoridades libanesas disseram que ataques israelenses mataram 558 pessoas — 50 delas crianças.
“Uma guerra em larga escala não é do interesse de ninguém. Embora a situação tenha se agravado, uma solução diplomática ainda é possível”, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, em seu discurso de despedida ao organismo global.
“Na verdade, esse continua sendo o único caminho para uma segurança duradoura que permita que os moradores de ambos os países retornem para suas casas na fronteira com segurança”, disse Biden antes de uma sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU sobre o Líbano, planejada para quarta-feira.
Os comentários de Biden provocaram decepção no ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdullah Bou Habib, que disse que eles “não eram promissores” e “não resolveriam o problema libanês”, já que ele estimou que o número de pessoas deslocadas pelos ataques de Israel provavelmente aumentou para meio milhão.
“Todos nós deveríamos estar alarmados com a escalada. O Líbano está à beira do precipício”, disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, ao abrir o encontro.
O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, disse que seu país “não estava ansioso” por uma invasão terrestre ao Líbano.
“Não queremos enviar nossos meninos para lutar em um país estrangeiro”, disse ele.
– ‘Acabe com esta guerra’ –
Não está claro que progresso pode ser feito para apaziguar a situação no Líbano, com esforços para intermediar um cessar-fogo em Gaza — que Israel tem imposto implacavelmente desde outubro de 2023 — sem resultados.
Biden pressionou novamente na terça-feira por um cessar-fogo evasivo entre Israel e o Hamas, dizendo ao organismo global que era hora de “acabar com esta guerra”.
O mediador Catar acusou Israel de obstruir as negociações de cessar-fogo em Gaza, com o emir xeque Tamim bin Hamad Al-Thani dizendo que “não há parceiro israelense para a paz” sob o governo de Benjamin Netanyahu.
Mas ele acrescentou: “Continuaremos nossos esforços de mediação para resolver as disputas por meios pacíficos”.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan acusou Israel de arrastar toda a região “para a guerra”.
“Não apenas crianças, mas também o sistema da ONU está morrendo em Gaza”, disse Erdogan em um discurso contundente.
Guterres alertou contra “a possibilidade de transformar o Líbano (em) outra Gaza”, chamando a situação no território palestino de “pesadelo sem fim”.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que Israel tem o direito de existir e se defender, mas sem infligir “punição coletiva” aos civis que vivem em áreas alvos de seus militares.
O presidente Masoud Pezeshkian do Irã — que apoia o Hezbollah no Líbano e o Hamas em Gaza — condenou a inação “sem sentido e incompreensível” da ONU contra Israel.
– ‘Charada da hipocrisia’ –
Respondendo às críticas a Israel, Danon chamou o debate da Assembleia Geral de uma “farsa anual de hipocrisia”.
“Quando o Secretário-Geral da ONU fala sobre a libertação dos nossos reféns, a assembleia da ONU fica em silêncio, mas quando ele fala sobre o sofrimento em Gaza, ele recebe aplausos estrondosos”, disse Danon.
Desde o encontro anual do ano passado, quando a guerra civil no Sudão e a invasão da Ucrânia pela Rússia dominaram, o mundo enfrentou uma explosão de crises.
O ataque de 7 de outubro do grupo palestino Hamas a Israel resultou na morte de 1.205 pessoas e desencadeou uma resposta militar em Gaza que, segundo autoridades, matou pelo menos 41.467 pessoas.
Os militantes também capturaram 251 reféns, 97 dos quais ainda estão mantidos em Gaza, incluindo 33 que, segundo os militares israelenses, estão mortos.
A violência tem ocorrido em diversas frentes no Oriente Médio desde que a crise eclodiu, com o conflito expondo profundas divisões na ONU.
O presidente palestino Mahmud Abbas tomou assento ao lado da delegação palestina, colocada em ordem alfabética na Assembleia Geral pela primeira vez na terça-feira, depois que a delegação recebeu privilégios aprimorados em maio.
Na tribuna, o rei Abdullah II da Jordânia descartou na terça-feira o deslocamento forçado de palestinos para seu país por Israel, o que ele disse ser um “crime de guerra”.
A Ucrânia também estava na agenda de terça-feira, com o presidente Volodymyr Zelensky discursando em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a invasão russa.
“A Rússia só pode ser forçada à paz, e é exatamente isso que é necessário: forçar a Rússia à paz”, disse Zelensky.
Biden disse que a guerra do presidente russo Vladimir “Putin falhou em seu objetivo principal. Ele partiu para destruir a Ucrânia, mas a Ucrânia ainda é livre.”
(Com exceção do título, esta história não foi editada pela equipe da NDTV e é publicada a partir de um feed distribuído.)