• Sáb. Set 28th, 2024

Como Nasrallah tornou o Hezbollah um dos maiores inimigos de Israel e semeou o caos no Líbano – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Set 28, 2024


Nascido nos subúrbios de Beirute em agosto de 1970, Hassan Nasrallah deixou-se influenciar pela revolução islâmica no Irão, tal como muitos outros jovens libaneses e xiitas da altura, como conta o Times of Israel. Ainda adolescente, associou-se ao Hezbollah e combateu pelo grupo contra o Estado judaico no sul do Líbano.

Nos primeiros anos, o Hezbollah era especialmente uma milícia bem treinada. A consolidação enquanto movimento político materializou-se com a publicação do manifesto em 1985. Para além da expulsão de todas as potências ocidentais do Líbano, a organização xiita ambicionava a criação de um estado de cariz islâmico, ainda que ressalvasse que outros libaneses não muçulmanos podiam viver no país. Entre todos, deveriam escolher a “forma de governação desejada”.

Durante os anos 80, e enquanto se mantinha a guerra civil libanesa, o Hezbollah era conhecido pela sua brutalidade e extremismo. Num Líbano dividido e controlado por milícias, a organização xiita, com o apoio iraniano e a tolerância síria, tornou-se “sinónimo de ataques extremistas”, como escreve o think tank norte-americano Wilson Center. Nesta época, o “partido de Deus” atacou duas embaixadas dos Estados Unidos e levava a cabo sequestros violentos.

Ao longo dos anos, o Hezbollah foi-se instalando particularmente no sul do Líbano e dominava a resistência contra Israel naquela região. A influência que ia ganhando fez com que os sunitas desconfiassem das suas intenções — e, na reta final da guerra civil libanesa, grupos pertencentes aos dois ramos do islamismo entraram em conflito. A animosidade mantém-se até hoje.

Atuais bases militares do Hezbollah, principalmente no sul do Líbano

A guerra civil do Líbano terminou em 1990 com a assinatura dos acordos de Taife. Várias fações, entre sunitas e cristãs, que estiveram em conflito durante quinze anos, entregaram as armas e prometeram respeitar um cessar-fogo. Com uma exceção: o Hezbollah. O grupo xiita pôde manter o seu arsenal, o que lhe conferiu uma posição privilegiada no país após o fim do conflito.

O Hezbollah foi-se institucionalizando, entrando no panorama político. Para isso contou a figura forte do primeiro líder do movimento xiita, o clérigo Abbas al-Musawi, que foi assassinado por Israel em 1992. O seu sucessor, como secretário-geral, foi Hassan Nasrallah. 

Foi com Hassan Nasrallah que o Hezbollah participou pela primeira vez nas eleições gerais do Líbano em 1992, elegendo oito deputados para a Assembleia Nacional libanesa. Numa entrevista citada pelo Wilson Center, o secretário-geral assegurava que a participação eleitoral “não alterava o facto” de que o grupo era um “partido de resistência”. “Devemos tornar o Líbano num país de resistência e o Estado num Estado de resistência”, afirmava Nasrallah, que descartava, na altura, a implementação de uma “república islâmica”.





Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *