Hashem Safieddine teria estado dentro do quartel-general subterrâneo da inteligência do Hezbollah durante um ataque aéreo israelense.
O Hezbollah perdeu contato com um de seus principais líderes, Hashem Safieddine, que era visto como um possível sucessor do líder assassinado Hassan Nasrallah, desde sexta-feira, após um ataque aéreo israelense no bairro de Dahiyeh, em Beirute, disse uma fonte de segurança libanesa à Al Jazeera.
Como presidente do Conselho Executivo do grupo armado, Safieddine é um membro de alto escalão da organização. Ele é primo do falecido Nasrallah, ex-secretário-geral, disse Dorsa Jabbari da Al Jazeera, reportando de Beirute.
Jabbari disse que havia um “senso de urgência” por parte das autoridades libanesas e do Hezbollah para permitir que as equipes de resgate na área recuperassem os corpos do ataque na manhã de sexta-feira.
Ela acrescentou que a maioria dos comandantes do Hezbollah são “obscuros”, com o nome de Safieddine apenas vindo à tona depois de muitos acreditarem que ele possivelmente sucederia Nasrallah, que foi morto num ataque aéreo israelita no mês passado, como secretário-geral do Hezbollah.
“Agora, com a possibilidade de ele também ser assassinado, fica em dúvida a questão da sucessão dentro da organização”, explicou Jabbari.
‘Violação de inteligência’
Mas a falta de contacto com Safieddine também prova que existe uma falha de inteligência dentro do grupo, “permitindo a Israel localizar e atacar um líder após outro”, disse o analista político da Al Jazeera, Marwan Bishara.
Nader Hashemi, professor associado de Médio Oriente e Política Islâmica na Universidade de Georgetown, diz que perder contacto com o sucessor de Nasrallah é “outro revés sério e significativo para o Hezbollah”.
“A afirmação de que perderam contato com ele é uma tentativa de preparar os apoiadores do Hezbollah para o próximo anúncio de que sua morte foi confirmada”, disse ele à Al Jazeera de Ottawa, Canadá.
Na sexta-feira, a agência de notícias Reuters informou que o tenente-coronel israelense Nadav Shoshani disse que os militares ainda estavam avaliando as consequências do ataque aéreo, que ele confirmou ter como alvo o quartel-general da inteligência do Hezbollah.
O Hezbollah não comentou oficialmente sobre a situação de Safieddine desde o ataque.
Israel lançou uma intensa campanha de bombardeamentos em todo o Líbano há duas semanas, ao voltar o foco para a sua fronteira norte, após um ano de intercâmbios transfronteiriços que forçaram milhares de civis a fugir de ambos os lados da fronteira. Israel pretende garantir o regresso seguro dos seus cidadãos às suas casas no norte de Israel enquanto ataca as posições do Hezbollah.
Na semana passada, Israel lançou uma “operação terrestre limitada” no sul do Líbano, ao mesmo tempo que intensificava os ataques aéreos na área e nos subúrbios do sul de Beirute.
A Associated Press informou, citando os militares israelenses, que até agora nove soldados foram mortos em confrontos terrestres com combatentes do Hezbollah.
De acordo com o Ministério da Saúde Pública do Líbano, mais de 2.000 pessoas foram mortas durante o intenso bombardeamento de Israel ao país e forçaram 1,2 milhões de pessoas a fugir das suas casas.