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Polícia britânica recebe 40 novas queixas e BBC 65 de abuso sexual contra o magnata Mohamed Al-Fayed – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 11, 2024

Continua a crescer o número de mulheres que se dizem vítimas de abuso sexual ou violação pelo bilionário egípcio, dono dos famosos armazéns Harrods de Londres e pai do namorado da princesa Diana. Nesta sexta-feira, a polícia anunciou ter recebido 40 queixas contra  Mohamed Al-Fayed e na quinta-feira, a BBC informou que tinha sido contactada por 65 mulheres no mesmo sentido.

Uma queixa na polícia, uma biografia, uma investigação jornalística. Indícios contra Al-Fayed remontam aos anos 90 mas acusação nunca surgiu

Em comunicado, a  Metropolitan Police especifica que estas 40 novas alegações se referem a factos que terão ocorrido entre 1979 e 2013 e continua a apelar a eventuais vítimas que ainda não se tenham dirigido às autoridades para o fazerem.

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“Estas são novas acusações para além das que já sabíamos antes do lançamento do documentário [da BBC, que foi para o ar a 19 de setembro]”, adiantou o comandante Stephen Clayman citado na nota de imprensa. “Recebemos várias alegações, a maioria relacionadas com Mohamed Al-Fayed, mas também as há relacionadas com ações de outras pessoas”.

Aliás, esse pode ser o objetivo de qualquer investigação da polícia, já que Al-Fayed morreu em agosto do ano passado, explica a polícia.

“É importante esclarecer, nesta fase, que não é possível instaurar um processo penal contra uma pessoa que morreu. Isto significa que não existe qualquer perspetiva de condenação relativamente ao próprio Al-Fayed. No entanto, continuamos a analisar se outros indivíduos podem ser acusados de quaisquer infrações penais”, sublinha a Metropolitan Police.

A  autoridade faz ainda questão de referir que “todos estes relatos terão de ser formalmente registados e avaliados para verificar se existem alegações de criminalidade que possam ser feitas. Isto levará algum tempo”, lê-se no comunicado.

“Quero realçar a coragem que as alegadas vítimas tiveram em dar este passo importante e assegurar a outras possíveis vítimas que a nossa equipa de inspetores as vão ouvir e apoiar”, continuou. “Apesar de a maioria vir do círculo do Harrods, a polícia está em contacto com outras organizações e empresas ligadas a Al-Fayed, para assegurar a identificação de todas as pessoas afetadas e que elas tenham a oportunidade de falar connosco”, acrescentou o comandante Stephen Clayman.

Mais de 20 das alegadas vítimas são antigas funcionárias do Harrods, empresa que era detida por Al-Fayed, recorda a BBC. Outras, eram contratadas pelo próprio empresário sob falsos pretextos, para serem empregadas domésticas, amas, cozinheiras ou mesmo chefs.

“Ele não queria uma ama. Ele não precisava de uma ama”, declara Margot, nome fictício, à BBC, uma das alegadas vítimas, que trabalhou na mansão de Al Fayed no Surrey. “Fui de limusina para a mansão de Mohamed. Quando cheguei para o suposto trabalho de ama, ele colocou-me num quarto com pouca luz e uma cama de solteiro durante cinco dias. Uma vez dentro da mansão, é impossível sair, ele é que dá autorização para a abertura dos portões. Eu fui feita prisioneira“.

“Só vi as crianças duas vezes e nem sequer estava autorizada a interagir com elas. Uma noite, Al-Fayed entrou no quarto, empurrou-me contra a cama e violou-me por via vaginal e anal”, acusa Margot.

“Mais tarde compreendi todas as questões que me foram colocadas aquando da entrevista: se tinha namorado, se era virgem… Aqueles cinco dias afetaram-me imenso, nunca mais fui nem serei a mesma pessoa confiante”.

Uma outra mulher pergunta-se se terá sido a primeira vítima do empresário egípcio, remontando os factos ao ano de 1977. Sheenagh trabalhava num banco no Dubai quando tinha 25 anos e foi aí que conheceu Al-Fayed. O magnata abordou-a sobre uma potencial oportunidade de emprego. “Chamou-me ao seu gabinete, sentei-me e ele deu a volta, para trás de mim. As mãos dele estavam em todo o lado“, descreveu Sheenagh.

“Consegui soltar-me dele e ele bloqueou a porta. Dei-lhe um estalo na cara, passei por ele e ele disse que me iria arrepender. Desde aí, começou a perseguir-me: aparecia no meu local de trabalho, no supermercado, repetia constantemente as mesmas palavras”. Sheenagh diz que isto aconteceu cerca de 20 vezes.

Em 2015, quando a saúde do marido se começou a deteriorar, decidiu revelar-lhe o que se passara. “Contei ao meu marido antes de ele morrer. Achei que tinha o direito a saber. Era o único segredo que tinha guardado dele”, disse à BBC. Hoje, Sheenagh diz que o seu maior arrependimento é o de não ter vindo a público com a sua história enquanto Mohamed Al-Fayed era vivo.

Estes testemunhos têm surgido depois de, em setembro, a BBC ter lançado o documentário AlFayed: Predator at Harrods (Al-Fayed Predador no Harrods em tradução livre para o português) onde dezenas de mulheres acusaram o magnata de abuso sexual e de violação.

Dono histórico do Harrods acusado de abuso sexual e violação por 37 mulheres

Os atuais proprietários do Harrods dizem-se “empenhados em resolver e chegar a acordo com as mulheres que dizem ter sofrido os abusos cometidos por Mohamed Al-Fayed”, de modo a evitar um longo processo judicial. E reitera que mais de 200 mulheres já estão envolvidas no processo, que continua aberto pela empresa, quer a funcionárias que trabalhem atualmente nos luxuosos armazéns londrinos, quer a antigas trabalhadoras.

Assim que o documentário da BBC saiu, a administração do Harrods disse-se horrorizada com as alegações das vítimas e admitiu conhecer as “tendências do empresário para abusar do seu poder, fosse qual fosse o local ou área de trabalho”, recorda a CNN.  Uma das mulheres alega que tinha apenas 15 anos quando o bilionário abusou dela, sendo que este teria 79 anos à data dos acontecimentos.

Os alegados abusos aconteciam nos mais variados locais, como no apartamento de luxo do magnata, no Hotel Ritz em Paris (do qual era dono), no Fulham FC e no escritório do Harrods.

Além do Harrods, há suspeitas de crimes sexuais de Al Fayed também no Fulham FC

Texto editado por Dulce Neto





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