Num movimento em grande parte simbólico, o governo Ortega condenou os líderes de Israel como “fascistas” e “genocidas” por causa da guerra em Gaza.
O governo da Nicarágua anunciou que romperá relações diplomáticas com Israel, aumentando o crescente isolamento do país no cenário global em meio à guerra em Gaza.
A vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, anunciou a mudança à mídia estatal na sexta-feira, depois que o Congresso do país aprovou uma resolução pedindo ação após o aniversário de um ano da guerra de Gaza, em 7 de outubro.
Murillo, que é esposa do presidente Daniel Ortega, disse que o seu marido instruiu o governo a “cortar relações diplomáticas com o governo fascista e genocida de Israel”.
O anúncio é em grande parte simbólico, uma vez que Israel não tem um embaixador residente na capital da Nicarágua, Manágua, e as relações entre as duas nações são quase inexistentes.
Ainda assim, o anúncio surge num momento em que Israel está sob crescente escrutínio diplomático, no meio de uma campanha brutal em Gaza e a expansão dos ataques em todo o Médio Oriente, incluindo no Líbano.
O número de mortos em Gaza ultrapassou as 42 mil pessoas e milhares de pessoas foram mortas na campanha de bombardeamentos no Líbano, muitas delas nas últimas semanas.
O governo da Nicarágua condenou a guerra de Israel em Gaza na sexta-feira e disse que os combates agora “se estendem ao Líbano e ameaçam gravemente a Síria, o Iémen e o Irão”.
A oposição à guerra de Gaza tem sido relativamente generalizada na América Latina, onde líderes esquerdistas de países como o Brasil, a Colômbia e o Chile emergiram como críticos declarados de Israel.
A missão palestina nas Nações Unidas anunciou na sexta-feira que essas três nações ajudaram a liderar uma carta de apoio ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, a quem Israel declarou persona non grata na semana passada.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, cortou relações diplomáticas com Israel em maio, chamando a administração do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de “genocida”. O líder brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva também chamou de volta o embaixador do país em Israel naquele mesmo mês e comparou a guerra em Gaza ao Holocausto.
Por seu lado, o governo Ortega apresentou um pedido ao Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) para suspender as vendas de armas alemãs a Israel, uma tentativa que o tribunal rejeitou em Abril.
A Nicarágua tem enfrentado os seus próprios problemas com o crescente isolamento diplomático na América Latina, à medida que Ortega e os seus aliados intensificam ações repressivas contra dissidentes e opositores ao governo.