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Chumbo de Ventura agrava “consequências” da decisão de Pedro Nuno – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 15, 2024

Por isso mesmo, torna-se urgente afinar e solidificar cada vez mais a mensagem que o PS quer passar à volta deste Orçamento, e que teme que não esteja a ser clara. Durante o fim de semana, esse esforço foi evidente. E se a tentativa de Pedro Nuno Santos de clarificar o que o PS pensa sobre este Orçamento é bem vinda para o partido, a forma como tentou estender essa clarificação aos comentadores televisivos com cartão de militante — que aconselhou a “saírem do seu pedestal”, contactarem com os militantes de base e não fazerem “o jogo da direita” — esteve muito longe de agradar a todos.

“Foi um bocadinho além na questão interna”, admite um destacado dirigente socialista em declarações ao Observador sob a condição de anonimato. Um pedronunista vai ainda mais longe: o apelo para que o PS fale com uma “voz única” foi “um erro” e é mesmo uma expressão “inadmissível“.

Para a corrente menos favorável a Pedro Nuno Santos, a crítica era óbvia: não demorou até que o ex-ministro José António Vieira da Silva viesse dizer-se “estupefacto” com a ideia de uma voz única, que disse não ser “própria de uma democracia”; o também ex-ministro Correia de Campos falou num “erro clamoroso” do secretário-geral; e nos Whatsapps de socialistas menos afetos ao pedronunismo (ou comentadores) comentou-se que o partido “reage mal” a estes apelos.

“O PS é um partido de homens e mulheres livres e também responsáveis”, sublinhava esta segunda-feira José Luís Carneiro, o adversário de Pedro Nuno Santos na corrida à liderança do PS, ao mesmo tempo que garantia não se sentir limitado nas suas declarações públicas após o aviso do líder. “Foi um momento menos feliz“, acrescentou Francisco Assis, ao Público.

Mas a preocupação do topo do partido é outra: a polémica à volta do recado de Pedro Nuno aos comentadores socialistas desvia as atenções da mensagem — uma mensagem que o partido tem tentado construir, por entre muitos avanços e recuos, e que quer agora passar para acabar com a ideia de que não sabe o que há de fazer quanto ao Orçamento do Estado. “A posição do PS não é clara“, admite um socialista destacado. “Quem não acompanha política não a percebe”.

“Instalou-se uma dúvida e uma incerteza na perceção pública — em contraste com a perceção clara de ganhos conseguidos pelo PS nas semanas anteriores”, nota um ex-governante socialista, frisando que o arrastamento da decisão pode ter as suas vantagens — condicionar o Governo numa eventual discussão na especialidade e evitar uma chuva de críticas durante o congresso do PSD, que acontece no próximo fim de semana.

Mas esta manobra também tem desvantagens claras, e que para muitos superam as primeiras: “Cria-se um tempo de aparente incerteza e divisão” dentro do partido. A divisão tem sido clara nas reuniões dos socialistas, seja de federações distritais ou da bancada de deputados. E estende-se não só à decisão que o partido deve tomar relativamente ao Orçamento, mas também à forma como deve tomá-la.

Na direção do partido, há quem peça que se acabe com especulações e que se respeite o processo de decisão do PS, sem “dramas“. E há quem explique o remoque de Pedro Nuno Santos, frisando que nesta fase de reuniões e audições “todas as opiniões são bem vindas”, mas, quando o assunto é discutido fora das fronteiras do Largo do Rato, o partido devia “fortalecer a posição do secretário-geral”, em vez de tentar “condicionar publicamente” a decisão que irá tomar.

“O líder deve ter o seu tempo, deve ter o seu método, deve ter o seu aprendizado. Querermos dar-lhe lições através do comentário ou de um raid mediático, não me parece ajuizado”, avisou o ex-dirigente Ascenso Simões, numa mensagem publicada no seu Facebook. Também aqui não se encontra um consenso no PS.





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